O presidente Jair Bolsonaro voltou a reforçar críticas contra o Judiciário nesta quarta-feira (4). Em entrevista ao programa Pingo nos Is, da Jovem Pan, Bolsonaro sugeriu que a abertura de investigação sobre suas declarações contra o atual sistema eleitoral bem como o acolhimento de denúncia contra si pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das fake news são uma tentativa de intimidação.
— Não vai ser um inquérito, agora na mão do querido senhor (ministro do Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, para tentar intimidar. Ou, lamento, o próprio TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tomar certas medidas para investigar e me acusar de atos antidemocráticos — disse. — Eu posso errar, mas tenho o direito de criticar. Não estamos errados. Não erramos! — completou.
Para o presidente, é uma irregularidade que as investigações contra si não tenham partido do Ministério Público Federal (MPF).
— Um presidente da República pode ser investigado? Pode. Em um inquérito que comece no Ministério Público e não diretamente de alguém interessado. Eu jogo dentro das quatro linhas da Constituição, e jogo, se preciso for, com as (mesmas) armas do outro lado.
O presidente disse ter obtido acesso a provas de que um hacker havia conseguido acesso aos sistemas do TSE entre abril e novembro de 2018, período imediatamente anterior às eleições que o escolheram para o mandato de chefe do Executivo. O inquérito da Polícia Federal sobre o caso foi compartilhado pelo presidente em sua conta no Twitter. A invasão teria, então, sido comunicada ao portal TecMundo.
Desde novembro de 2020, o mesmo portal mantém no ar uma atualização sobre o caso em que desmente a versão dada por Bolsonaro e diz que as informações acessadas seriam dos anos de 2001 a 2010 e, portanto, defasadas, ultrapassadas e inócuas para o uso em fraudes eleitorais. Além disso, as informações seriam funcionais e não referentes a eleições.
Apesar da versão já ter sido desmentida, o presidente questionou a suposta inércia da Corte em não buscar solução para a questão que levantou:
— O próprio TSE apagou os arquivos por onde andou o hacker e estaria ali a prova onde ele possivelmente adulterou. É inquérito que o TSE deveria dar prioridade máxima. Isso é um crime. É um crime!
— O que me surpreende, mas não me surpreende muito não, é que o TSE deveria ser o primeiro interessado em buscar solução para isso e admitir o possível erro.
Para Bolsonaro, o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, está mentindo e interessado em não mudar nada. Segundo Bolsonaro, Barroso é mentiroso e propaga fake news, em especial, sobre a possibilidade de a proposta de recibo eleitoral, se aprovada, favorecer a compra de votos.
— É triste chamar um ministro de mentiroso — completou.
Bolsonaro também disse que deseja eleições limpas e tranquilas.
— Quem perder toca o barco. Querem colocar o presidiário na boca do gol sem goleiro para bater o pênalti — completou na sequência sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.