- Francieli Fantinato, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, fala nesta quinta-feira (8) à CPI da Covid
- A servidora foi exonerada em 30 de junho; segundo o ministro Marcelo Queiroga, ela pediu para deixar o cargo
- O pedido para ouvir Francieli foi feito por Otto Alencar (PSD-BA), que afirma que a servidora editou nota técnica recomendando a vacinação de gestantes que tinham recebido a primeira dose da AstraZeneca com qualquer vacina que estivesse disponível, sem nenhuma comprovação de segurança ou eficiência disso
- Conforme Otto, esse procedimento, que é chamado intercambialidade, provocou mortes no Brasil
O que Francieli falou até o momento:
- Afirmou que o coronel Elcio Franco, secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello, pediu que a população carcerária fosse retirada do grupo prioritário de vacinação contra a covid-19
- Disse que nenhuma bula de vacinas contra a covid-19 veda a aplicação em gestantes e defendeu a intercambialidade do uso. "Não é contraindicação para a gestante, é a precaução, então se faz uma avaliação de risco benefício."
- Ela declarou que o órgão recebeu a notificação de um evento adverso grave em gestante no dia 7 de maio. Após isso, o PNI resolveu sugerir a intercambialidade porque o outro caminho seria suspender o uso da vacina em gestantes e só imunizá-las após o parto, comprometendo a proteção desse grupo
- Francieli também revelou à CPI que o órgão recomendou ao Ministério da Saúde cobrar os dados de eficácia da Covaxin e as providências caso o imunizante se mostrasse menos eficaz para novas variantes do novo coronavírus. O alerta foi feito no dia 19 de fevereiro e seguiu parâmetros observados nas negociações de outras vacinas, de acordo com a ex-chefe do programa de imunização. Os técnicos observaram que ainda não havia dados de eficácia suficientes da vacina indiana, mas que "considerando o cenário, entendem que o perfil de risco-benefício é favorável com elevado impacto positivo na saúde da população", conforme Francieli
- A ex-coordenadora afirmou que os técnicos do órgão produziram uma nota técnica, no dia 19 de junho de 2020, alertando para a necessidade de imunização da população, ainda em um cenário de incerteza na pandemia do coronavírus. O documento teria sido encaminhado à Secretaria Executiva do Ministério da Saúde. Na ocasião, o general Eduardo Pazuello chefiava interinamente a pasta
- Atribuiu sua saída do cargo à "politização" da vacinação, apontando para o presidente Jair Bolsonaro
- "Não dá para colocar em dúvida a vacinação quanto ao meio efetivo para controle da pandemia. Quando os resultados apontam de forma favorável que aquilo pode trazer um resultado para a população, ter uma politização do assunto por meio do líder da nação que traz elementos que muitas vezes colocam em dúvida...", afirmou Francieli, sendo interrompida em seguida. "Qualquer pessoa que fale contrário à vacinação vai trazer dúvidas à população brasileira, então há necessidade de se ter comunicação única, seja de qualquer cidadão de qualquer escalão", complementou
- A CPI decidiu mudar a condição de Francieli Fantinato de investigada para testemunha. Como consequência, a comissão também suspendeu as ordens de quebra de sigilo que tinham sido anteriormente aprovadas pela CPI e miravam os dados dela
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