A médica infectologista Luana Araújo, cujo nome não foi aprovado pelo governo para integrar o Ministério da Saúde mesmo após anúncio do titular da pasta, Marcelo Queiroga, frisou, mais de uma vez durante depoimento na CPI da Covid, aos senadores que a ciência ainda não conseguiu encontrar um tratamento inicial para pacientes com covid-19.
— Não existe tratamento inicial da doença — disse, após a insistência do senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) em falar sobre a existência de medicamentos que, administrados no início da doença, impediriam sua evolução.
Luana destacou que a comunidade científica tem feito testes, mas que até o momento não houve resposta eficaz.
— Não temos nenhuma ferramenta farmacológica para ser usada de forma inicial que impeça evolução da doença — repetiu a médica.
A médica ainda explicou que o uso de corticoide para tratar pessoas com covid-19 se dá numa fase bastante específica, quando há necessidade da hospitalização e uso de oxigênio suplementar. Luana ressaltou, por sua vez, que seu uso precoce tem um efeito negativo, que pode levar a uma queda da resposta imunológica.
— Mas ele não tem impacto na carga viral, ele tem ação anti-inflamatória — respondeu ela ao questionamento de Marcos Rogério.
Ela ainda explicou ao senador porque medicamentos como a cloroquina, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, não funcionam para tratar a covid-19.
— Não é que a gente não queira que as pessoas tenham acesso, pelo contrário, nossa vida seria mais fácil, perdi amigos, perdi colega de plantão da Fiocruz que era um gênio, morreu salvando a vida das pessoas. Se houvesse oportunidade a gente teria usado. Infelizmente, não tem — declarou a médica.
Luana disse ainda que a adoção de medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras e o distanciamento social para o combate à pandemia da covid-19, deveriam ter sido adotadas desde o começo da disseminação da doença no país.