O novo modelo de gestão da pandemia no Rio Grande do Sul, que deve entrar em vigor na próxima semana, terá um nível menor de intervenção do governo do Estado nos municípios do que o atual sistema de distanciamento controlado. A tendência é que o governo oriente protocolos mais básicos e consensuais, intervindo apenas nos casos em que os municípios atingirem níveis preocupantes de contágio e internações.
— Vamos ficar acompanhando como governo do Estado e, de acordo com indicadores, aumento de casos, de internações, o governo do Estado emite os alertas e a região tem que responder quais providências está adotando. Se as providências não forem suficientes, partimos para uma reunião com a região e, em último caso, uma intervenção na região — disse o governador Eduardo Leite, em vídeo sobre o tema publicado nesta quarta-feira (5).
Na prática, o novo modelo estadual deixará a cargo dos prefeitos a adoção de restrições mais duras para frear o contágio do coronavírus. Medidas como o fechamento de atividades ou restrições severas seriam, no dia a dia, decididas apenas pelos prefeitos.
O governo do Estado passaria, assim, à posição de orientador, emitindo relatórios técnicos e sugerindo medidas. Os únicos protocolos obrigatórios seriam as chamadas “restrições mínimas”, como o uso de máscara e a proibição de aglomerações. Outro conjunto de recomendações, chamado de “protocolos padrão”, indicaria medidas para setores da economia, mas poderia ser alterado livremente pelos prefeitos.
— E teremos um outro grupo de protocolos que vai ser um protocolo padrão. Só que esse grupo de protocolos padrão poderá ser alterado pelos municípios, desde que num ajuste da região — apontou Leite.
O novo sistema estadual deve entrar em vigor na próxima semana, aposentando o chamado distanciamento controlado e suas bandeiras de risco. As linhas gerais do novo sistema estadual já foram apresentadas a prefeitos e líderes partidários.
No principal partido da base aliada, o MDB, as primeiras impressões são positivas, mas há o receio de que o Rio Grande do Sul perca novamente o controle sobre o contágio do coronavírus, o que levaria ao descrédito do novo sistema.
— Achei interessante porque o governo colocou a responsabilidade nas regiões e municípios. Acho louvável essa iniciativa de instituir um novo sistema. Agora, tem que deixar muito claro todos os passos seguintes, depois de emitir alertas, sob pena de termos descontrole da pandemia ali para frente e o novo modelo cair em descrédito — avaliou o líder do MDB na Assembleia Legislativa, Vilmar Zanchin.
Até o final de semana, o governador deve se reunir com entidades representativas de setores produtivos para ouvir sugestões sobre o novo modelo estadual.