O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta quinta-feira (21) que aguarda uma "avalanche" de propostas ao Brasil para a compra de vacinas. O general, porém, não deu data para concretizar as importações de doses prontas do imunizante de Oxford/AstraZeneca, da Índia, e de insumos da China para a produção da Fiocruz e do Instituto Butantan.
— Em janeiro, agora, e começo de fevereiro, vai ser uma avalanche de laboratórios apresentando suas propostas. A gente tem de estar com muita atenção e cuidado, para colocar todas elas o mais rápido possível disponíveis, dentro da segurança e eficácia — disse o ministro durante evento do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
A vacinação contra a covid-19 no Brasil começou no domingo (17), mas há risco de o calendário ser interrompido pela falta de doses. O governo afirma que ainda negocia com empresas como a Pfizer, mas trata com desdém a proposta de venda de imunizantes da farmacêutica. O presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar, em tom irônico, que quem tomar essa vacina pode "virar jacaré".
Além disso, o governo corre para garantir importações já contratadas. Pazuello disse que conversou "pessoalmente" duas vezes, na quarta-feira (20), com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming.
— Ele colocou que não há nenhuma discussão política e diplomática, e, sim, burocrática. Ele vai encontrar onde está esse entrave e ajudar a destravar — relatou Pazuello.
Os insumos da China vão permitir que a Fiocruz e o Butantan produzam, respectivamente, doses das vacinas de Oxford/AstraZeneca e da CoronaVac. O general disse ainda que a previsão contratual era de entregar até 31 de janeiro o insumo à Fiocruz.
— Estamos nos antecipando ao problema. Só posso acionar (contratualmente), e acionarei (a AstraZeneca) no primeiro dia de atraso, que é após o fim de janeiro — disse.
Após acumular ataques à China, o governo brasileiro agora nega divergências políticas e montou uma força-tarefa para negociar a importação deste insumo. O chanceler Ernesto Araújo, porém, tem sido isolado nas discussões.
O próprio Bolsonaro já desacreditou a segurança e eficácia da CoronaVac, citando a sua "origem". O produto foi desenvolvido pela chinesa Sinovac.
— Da China, nós não compraremos. É decisão minha. Não acredito que ela transmita segurança suficiente a população pela sua origem, esse é o pensamento nosso — disse Bolsonaro em 21 de outubro, em entrevista à Jovem Pan.
Importação da Índia
Sem apontar datas, o ministro afirmou que a liberação de doses prontas da vacina de Oxford/AstraZeneca da Índia deve ocorrer em breve.
— Notícias são muito boas, mas não há data exata da decolagem. Ela será dada nos próximos dias. Nos próximos dias é muito próximo — afirmou o ministro.
Pazuello disse ainda que a vacinação no Brasil está "dentro do programado".
— É um país continental. Está chegando nos municípios mais distintos — disse o general.