Em resposta a sua exoneração na segunda-feira (28) pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, o ex-secretário de Serviços Integrados de Saúde da Corte Marco Polo Dias Freitas diz que nunca realizou atos administrativos sem a ciência de seus superiores.
Fux ordenou que Freitas deixasse o cargo em razão de um suposto pedido de 7 mil doses de vacina contra a covid-19 à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para funcionários da Corte. Segundo o presidente do STF, o pedido havia sido feito sem o seu conhecimento e, por isso, atribuiu ao médico a iniciativa.
No entanto, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo nesta terça-feira (29), o ex-secretário afirmou que sempre respeitou "rigorosamente" a hierarquia existente no STF. Ele também não assina o documento enviado à Fiocruz.
— Nesses 11 anos no STF, nunca realizei nenhum ato administrativo sem a ciência e a anuência dos meus superiores hierárquicos. (...) Em relação às notícias veiculadas na imprensa que envolvem meu nome, informo: tenho 33 anos de serviços públicos prestados à comunidade. Sou médico concursado do STF desde setembro de 2009 — disse.
Questionado pela reportagem, Fux afirmou não defender o pedido, e tentou "amenizar a situação". Ele ainda disse que "nunca tinha visto o ofício" assinado pelo diretor-geral da Casa.
— Foi muito ruim o que fizeram. A administração do tribunal estava tão bem avaliada. A repercussão foi muito negativa. (...) Isso não é minha tarefa. Ofícios da presidência são diferentes de ofícios das outras repartições do tribunal.
No texto, o STF afirmou que o pedido tinha como objetivo imunizar o maior número possível de trabalhadores da Casa, além de que a realização da campanha pelo tribunal seria uma forma de contribuir com o país "neste momento tão crítico da nossa história".
O pedido foi negado pela Fiocruz, em razão de a produção ser destinada "integralmente" ao Ministério da Saúde.