Política

Conflito

Governo comprará vacina, mas "não ao preço que um caboclo aí quer", diz Bolsonaro sobre Doria

Presidente também voltou a afirmar que vacinação não será obrigatória

Estadão Conteúdo

Eduardo Gayer, Daniel Galvão e Nicholas Shores

O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse que o governo federal vai comprar a vacina contra a covid-19 após aprovação do Ministério da Saúde e certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

— Mas não ao preço que um caboclo aí quer — ressaltou na noite da quinta-feira (12), sem citar nominalmente o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

— Quem vai decidir sobre a vacina no Brasil: Ministério da Saúde, obviamente, e depois a certificação da Anvisa. Da minha parte, havendo a vacina, comprovada pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde, a gente vai fazer uma compra. Nós vamos querer uma planilha de custos e, da minha parte, sei que não compete a mim isso aí, eu quero saber se esse país usou a vacina lá no seu país — disse o presidente, em referência à China.

Bolsonaro e Doria têm protagonizado uma queda de braço em torno da imunização contra o coronavírus. No mês passado, Bolsonaro chegou a dizer à Rádio Jovem Pan que não compraria a CoronaVac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantã, ligado ao governo estadual, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, nem se houvesse o registro do produto pela Anvisa. 

Segundo o presidente, haveria desconfiança da população em relação ao imunizante chinês, em função do país de origem do produto. Além disso, os testes da CoronaVac chegaram a ser suspensos pela Anvisa após a morte de um voluntário. Segundo laudo do IML, a causa do óbito foi suicídio. Ainda assim, o líder do Planalto voltou a sugerir correlação entre o imunizante e o óbito do envolvido no estudo.

— Vamos apurar a causa. Sendo suicídio, não tem nada a ver com a vacina, mas pode ser um efeito colateral da vacina, tudo pode ser — afirmou Bolsonaro em live nas redes sociais, ao lado da ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves.

O presidente voltou a se posicionar contra a obrigatoriedade da vacina. 

— No que depender de mim também, a vacina não será obrigatória. Você toma vacina obrigada, o que tu acha aí? — perguntou ele à ministra. 

— Não, não. Tem uma questão chamada no Brasil de direitos humanos e que a gente vai ver essa vacina à luz dos direitos humanos. Isso (a obrigatoriedade) é violação de direitos humanos — respondeu ela.

Bolsonaro também repetiu que só comprará a vacina após aprovação do ministério da Saúde e da Anvisa e negou ter comemorado o óbito do voluntário, atribuindo o episódio à imprensa — ainda que tenha dito, em uma rede social, ter "ganhado" do governador Doria com a suspensão dos estudos da CoronaVac.

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