As declarações do presidente Jair Bolsonaro de que não há tensões raciais na história do país em discurso no primeiro dia da Cúpula do G20, grupo que reúne as principais economias do mundo, provocaram reações de entidades, políticos e ativistas na internet.
A exemplo de Mourão, o presidente abordou a miscigenação de raças existente no Brasil e, ignorando os protestos pelo assassinato do homem negro, disse que tentam destruir a "essência desse povo" para colocar o ódio em seu lugar.
— Somos um povo miscigenado. Brancos, negros, pardos e índios compõem o corpo e o espírito de um povo rico e maravilhoso. Em uma única família brasileira podemos contemplar uma diversidade maior do que países inteiros — afirmou Bolsonaro.
Alessandro Molon, deputado federal (PSB-RJ), fez uma crítica a quem nega a existência do racismo e afirmou que "é isso que Bolsonaro faz".
"Negar o racismo apenas o reforça e condena o país a continuar sofrendo suas consequências nefastas. É isso que Bolsonaro faz: ajuda a perpetuar as injustiças. O oposto do que deveria fazer", publicou em seu Twitter.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) também se pronunciou no Twitter:
"As questões raciais não são alheias ao nosso país, que teve o povo negro como escravo por 388 anos e, mesmo após a abolição, as desigualdades raciais continuaram. A falta de consciência social do Bolsonaro está destruindo o país", afirmou ela.
O presidente da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil , Humberto Adami, diz que a fala de Bolsonaro demostra que ele não conhece a população do Brasil: "É uma ideia tacanha, absurda. A declaração embute um racismo que vem desde a escravidão negra no Brasil ".
Thiago Amparo, professor de Direito Internacional e Direitos Humanos na FGV Direito SP, diz que as afirmações “são próprias de quem vive em uma realidade paralela e louva a ignorância”.
"Além disso, ao não se solidarizar com a família do João Alberto, seja no Twitter ou no foro internacional do G-20, ele desrespeita o decoro que se espera do cargo de presidente da República", disse.