A crise política entre a ala militar e a ideológica do governo do presidente Jair Bolsonaro não chegou ao fim, apesar de o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmar no domingo (25), em rede social, que pediu desculpas ao colega da Secretaria de Governo, general Luiz Ramos, tentando encerrar uma crise iniciada na quinta-feira (22).
Questionado, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, declarou que um ministro não pode destratar outro pela internet:
— Assunto ainda por resolver, pois não pode um ministro ofender outro via rede social.
Mesmo após a mensagem de Salles, Mourão voltou a afirmar que o assunto precisa ser resolvido, que essas ofensas não podem ocorrer entre ministros publicamente.
Mourão se referia a uma mensagem postada por Salles na quinta-feira, em que chamou Ramos de "mariafofoca", ao compartilhar reportagem que afirmava que Salles estaria forçando a situação com a ala militar. Apesar de a matéria não citar Ramos, a alfinetada do ministro do Meio Ambiente foi certeira:
"@MinLuizRamos não estiquei a corda com ninguém. Tenho enorme respeito e apreço pela instituição militar. Atuo da forma que entendo correto. Chega dessa postura de #mariafofoca", escreveu Salles. No mesmo dia, o secretário especial da Pesca, Jorge Seiff, também via rede social, respondeu a Salles que eles sabiam "quem é quem nesse governo" e sugeriu "Fora #mariafofoca".
No sábado (24), os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), entraram na discussão via redes sociais. Maia acusou Salles de tentar destruir a gestão Bolsonaro: "O ministro Ricardo Salles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo".
Para Alcolumbre, a confusão gerada só "apequena o governo": "Sem entrar no mérito da questão, faço duas ressalvas. Uma, como chefe do Legislativo, registro a importância do @MinLuizRamos na relação institucional com o Congresso. Duas, não é saudável que um ministro ofenda publicamente outro ministro".
No domingo, Salles voltou a postar nas redes sociais que pediu desculpa a Ramos: "Conversei com o Min @MinLuizRamos, apresentei minhas desculpas pelo excesso e colocamos um ponto final nisso. Estamos juntos no governo", escreveu.
“Não tem briga nenhuma”
GENERAL RAMOS
Em silêncio até então, Luiz Ramos fez passeio de moto com o presidente Jair Bolsonaro, no domingo, em Brasília, e, ao ser questionado sobre as críticas, respondeu na linha de que só há briga quando dois querem:
— Não tem briga nenhuma. Tem uma definição, briga é quando tem duas pessoas.
O general acrescentou que não está brigando com ninguém e falou sobre Bolsonaro:
— Minha relação com o presidente está excepcional como sempre.
Em rede social, Ramos ainda tentou apaziguar a situação: "Uma boa conversa apazigua as diferenças. Intrigas não resolvem nada, muito menos quando envolvem questões relacionadas ao país. Eu e o @rsallesmma (Ricardo Salles) prosseguimos juntos em nome do nosso presidente".