O presidente Jair Bolsonaro afirmou, neste sábado (10), que quer um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) "afinado" com ele e justificou a indicação do desembargador Kassio Marques para a vaga do decano da Corte, Celso de Mello.
— Ele tem que ser independente, tudo bem, mas tem que ter essa afinidade comigo. E ele (Marques) tem, através da tubaína ou da Coca-Cola — disse o presidente durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais.
Ao lado de uma apoiadora, Bolsonaro fez a "live" do Guarujá, no litoral paulista, onde passa o feriado.
— Eu não vou indicar um cara só pelo currículo, vai chegar lá, vai ser o dono de si — disse o presidente neste sábado.
O Estadão revelou inconsistências no currículo de Marques. Ele apresentou uma pós-graduação em "Contratación Pública", pela Universidad de La Coruña, na Espanha. A instituição espanhola, porém, informou que não oferece esse curso. Ainda segundo a instituição, o desembargador fez um curso de apenas cinco dias na universidade. Marques disse que se trata de um "erro de tradução" e que não quis se referir a uma pós-graduação.
Ainda na mesma transmissão, Bolsonaro afirmou que a expressão "tomar tubaína" se refere a alguém que tenha afinidade com ele em assuntos como aborto, família, armas, política externa, mercado e indígenas. Disse também que tratou pessoalmente da indicação do desembargador até Celso de Mello anunciar a aposentadoria:
— Ninguém sabia de nada porque só eu tratei desse assunto.
O nome de Marques, que foi alvo de críticas de bolsonaristas, ainda precisa do aval do Senado. Ele será sabatinado pelos senadores no dia 21. A votação deve ser feita no mesmo dia. Líder do MDB na Casa, Eduardo Braga (AM) será o relator da indicação.