Uma análise feita com base nos extratos bancários da quebra de sigilo da loja de chocolates do senador Flávio Bolsonaro indicou que o parlamentar realizou saques nos mesmos dias em que o estabelecimento recebeu depósitos em dinheiro vivo. O levantamento, realizado pela equipe do Jornal Nacional, da Rede Globo, foi divulgado nesta segunda-feira (24).
Conforme o jornal, os documentos mostram as operações realizadas na conta bancária da loja, tanto de entradas quanto de saída de valores. O cruzamento feito apontou uma coincidência: como sócio, Flávio realizou retiradas de quantias pouco depois que a franquia recebia depósitos fracionados em dinheiro e, na maioria das vezes, com valores redondos.
Os saques e os depósitos na conta teriam valores parecidos. Nos dias 25 e 26 de janeiro de 2016, por exemplo, a loja havia recebido 12 depósitos fracionados. O valor total foi de R$ 25.559, depositado em dinheiro. Pouco depois, no dia 27, Flávio realizou uma transferência da conta da franquia para a conta pessoal dele no valor de R$ 25.555.
Em outro exemplo indicado pelo jornal, a loja teria recebido, em 18 de dezembro de 2017, a quantia de R$ 35.724 em dinheiro — foram dez depósitos de R$ 3 mil e um de R$ 1 mil, totalizando R$ 31 mil. No mesmo dia, o parlamentar retirou da conta o valor de R$ 30 mil, e transferiu para a conta pessoal.
A loja de Flávio é alvo de investigação de lavagem de dinheiro. Uma das hipóteses em apuração pelo Ministério Público é de que a franquia no shopping tenha sido usada para lavar recursos públicos ilegalmente desviados no suposto esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Documentos obtidos pelo MP também mostram que a loja recebia mais dinheiro vivo que a média das franqueadas.
Ao JN, a defesa de Flávio negou qualquer irregularidade nas contas do parlamentar e disse que todas as informações sobre o caso foram feitas ao Ministério Público.