Grupos de manifestantes contrários ao presidente Jair Bolsonaro realizam neste domingo (7) uma marcha na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Os principais gritos e faixas são em defesa da democracia, contra o racismo e o fascismo e pedindo o "fora Bolsonaro".
Em meio a um forte esquema de segurança na Esplanada e nos arredores, os manifestantes foram impedidos de ir à Praça dos Três Poderes, como é permitido aos atos a favor de Bolsonaro.
Também há diversos cartazes e gritos referentes ao "vida negras importam" — movimento que começou nos Estados Unidos, o black lives matter, após a morte de George Floyd por um policial branco.
Em uma performance perto do Congresso, militantes negros deitaram no chão e diziam que não conseguiam respirar, frase dita por Floyd quando estava algemado e com o joelho do policial sobre seu pescoço.
A Polícia Militar do Distrito Federal não faz mais estimativas de público.
Estavam reunidos participantes de diferentes grupos, como os autodenominados antifascistas, profissionais de saúde em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e torcedores de futebol — uma caravana de torcedores do Corinthians foi de São Paulo para a capital federal.
A grande maioria dos manifestantes usava máscara, item obrigatório no Distrito Federal devido à pandemia do coronavírus. No entanto, havia aglomeração, prática que é desaconselhada pelos sanitaristas pelo óbvio risco de contaminação.
As exceções eram os profissionais de saúde, que formavam filas durante a marcha, respeitando um certo distanciamento.
A chamada "marcha antifascista", começou às 9h, em frente à Biblioteca Nacional. O grupo de milhares de pessoas seguiu pelo lado esquerdo da Esplanada dos Ministérios, em direção ao Congresso Nacional e depois retornou à biblioteca.
Apoiadores do outro lado da Esplanada
Do outro lado da Esplanada, apoiadores de Bolsonaro também faziam um protesto, como vem acontecendo nos fins de semana, nos últimos dois meses.
Em menor número, os manifestantes pró-governo puderam chegar à Praça dos Três Poderes. Eles se colocaram em frente ao Palácio do Planalto e portavam faixas como "intervenção cívico-militar para restaurar o poder".
Um grande cordão formado por policiais militares isolava os bolsonaristas do protesto contra o presidente, que era em número bem maior.
Até as 11h, não houve confrontos entre os grupos ou mesmo com as forças de segurança.
Logo no início do ato, um bolsonarista e um militante fantasiado de Batman tentaram chegar ao grupo adversário, mas foram impedidos pela Polícia Militar.
A tropa de choque da Polícia Militar esteve presente — ao contrário dos atos anteriores pró-Bolsonaro — em todo o trajeto, protegendo os prédios dos ministérios. O prédio do Ministério da Defesa, como acontece normalmente, era defendido por militares.
O grupo armado de extrema direita 300 do Brasil teve seu acampamento, ao lado do Ministério da Justiça, retirado para não ficar no caminho da marcha.
Grupos bolsonaristas mantêm acampamentos na Esplanada dos Ministérios. O chamado "QG Rural", por exemplo, foi montado em frente ao Ministério da Agricultura.
Apesar da ameaça de enfrentamento entre os dois grupos, o governo do Distrito Federal descartou pedir o emprego da Força Nacional nos atos deste domingo. O emprego da força nas ruas chegou a ser sugerido pelo presidente Jair Bolsonaro ao secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres.
Na sexta-feira (5), no entanto, a gestão do governador Ibaneis Rocha (MDB) descartou solicitar o reforço.
Em nota no mesmo dia, o governo do Distrito Federal informou que as forças de segurança do Distrito Federal estariam nos locais dos eventos com "efetivo necessário" para garantir a livre manifestação e a ordem. Há cordões da PM desde o início da Esplanada.
Embora a maior parte dos integrantes se declare não partidário, há umas poucas bandeiras de partidos, como do PT e do PCO.