Não veio de nenhum inimigo ou desafeto a crítica mais contundente contra Bolsonaro nesse fim de semana. Pelo contrário, o ataque mais feroz dirigido ao presidente nas últimas horas partiu amigo, Olavo de Carvalho. Publicado nessa madrugada no Youtube (clique aqui para assistir), Olavo, uma espécie de guru, de inspiração intelectual do ideário bolsonarista, aparece em um vídeo disparando uma série de ataques pessoais, com uso de palavrões ao presidente.
Assista ao vídeo abaixo:
A irritação seria motivada pela existência de um "gabinete do ódio" do qual Olavo de Carvalho supostamente estaria sendo alvo e que, segundo ele, existe "há décadas".
— Você não está agindo contra os bandidos. Você vê o crime, presencia em flagrante e não faz nada contra eles. Continue inativo, continue covarde e eu derrubo essa m* deste governo.
E emendou:
— E vem esse presidente dizer que é meu amigo? Não é meu amigo, não. Ele simplesmente se aproveitou. E vai me dar uma condecoração? Enfia a condecoração no *. Não quero mais saber.
Ao que parece, o vídeo foi gravado logo após uma aula online do Olavo de Carvalho em que ele denuncia uma suposta "perseguição comunista" nas redes sociais. Reclama de ser alvo de ações judiciais e de não receber o devido apoio dos amigos, inclusive do presidente Bolsonaro. Sobrou até para o empresário Luciano Hang.
— Aí vem aqui o seu Havan e diz "vou ajudar você". Vai ajudar o c*. Você vai comprar aviãozinho e se vestir de Zé Carioca porque você é um palhaço. É por causa de empresários como você que o Brasil tá uma merda.
Com 6 minutos e 35 segundos de duração, o vídeo foi postado na noite passada no canal do Youtube do professor, ganhou repercussão durante a madrugada e, por volta das 9h, tinha mais de 75 mil visualizações.
Não é a primeira vez que o escritor critica o presidente. Desta vez, porém, ele subiu o tom. Ainda em março pelas redes sociais, Olavo de Carvalho acusou o presidente de demorar para reagir aos críticos. "Desde o início do seu mandato, aconselhei ao presidente que desarmasse os seus inimigos antes de tentar resolver qualquer "problema nacional". Ele fez exatamente o oposto. Deu ouvidos a generais isentistas, dando tempo a que os inimigos se fortalecessem enquanto ele se desgastava em lacrações teatrais. Lamento. Agora talvez seja tarde para reagir".
Num domingo que pode ser mais uma vez marcado por demonstrações contra e a favor do governo, um ataque agressivo da fonte inspiradora da família Bolsonaro é combustível na tensão política brasileira.