A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro decidiu, na tarde desta quarta-feira (10), instaurar um processo de impeachment contra o governador Wilson Witzel (PSC). As informações são do jornal O Globo. A instauração do processo não afasta Witzel do cargo.
O presidente da Assembleia, André Ceciliano (PT), decidiu colocar em votação no plenário a possibilidade de juntar no mesmo processo as 12 denúncias que estão em andamento na Casa, submetendo à decisão dos deputados se prosseguem ou não com a tramitação.
A votação terminou com 69 votos a favor da instauração do processo e nenhum contra. Até deputados que são do mesmo partido de Witzel, o PSC, votaram a favor da instauração do processo de impeachment.
— Acho que é uma oportunidade para o governador apresentar suas explicações. Não se trata de um pré-julgamento, mas de uma oportunidade para o governador trazer informações importantes. Eu voto sim — afirmou Bruno Dauaire (PSC), de acordo com o jornal O Globo.
O governador afirmou que recebeu com "espírito democrático" a decisão da Assembleia Legislativa.
"Estou absolutamente tranquilo sobre a minha inocência", afirmou.
A instauração do processo levará à formação de uma comissão especial para debater o impeachment. Os acusados terão até 10 sessões para se defender nesta comissão, que terá 48 horas, a partir da publicação da admissibilidade no Diário Oficial, para escolher relator e presidente. A comissão vai decidir se o processo é admissível ou não.
Se o relator votar pelo prosseguimento da denúncia e esse relatório for aprovado na comissão, a discussão é levada ao plenário, que terá de votar novamente se recebe a denúncia. Uma vez recebida pelo plenário, o governador é afastado e um tribunal misto de juízes do Tribunal de Justiça e deputados julga o mandatário estadual.
Crise política
O governador fluminense atravessa uma crise política desde que foi alvo da Operação Placebo, que apura superfaturamento de contratos na compra de insumos no combate ao coronavírus. Seis secretários já deixaram o governo em mudanças que visavam tentar retomar o diálogo com a Assembleia Legislativa.
Um dos pivôs da crise é o ex-secretário Lucas Tristão, também alvo da Placebo. Ex-braço-direito do governador, o advogado tinha péssima relação com os deputados estaduais e chegou a ganhar força na administração após a operação.
Após a nomeação de indicados por Tristão, Witzel perdeu seu líder na Assembleia e viu crescerem as chances dos pedidos de impeachment prosseguirem. Ele, então, demitiu o ex-aliado, a fim de amainar o clima.