BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que não cogita pedir demissão e usou uma metáfora médica para indicar sua posição. "Médico não abandona paciente, meu filho", respondeu ao ser indagado por jornalistas em entrevista coletiva nesta sexta-feira (3).
Mandetta evitou polemizar o resultado de pesquisa Datafolha que mostrou que a aprovação de sua pasta na condução da crise do coronavírus é o dobro da do presidente Jair Bolsonaro.
"Não, isso não tem nada a ver com a minha performance, nada a ver com o presidente. Nós estamos falando de instinto. Isso é o instinto de preservação da vida."
Segundo o levantamento, a aprovação do Ministério da Saúde saltou de 55% para 76%, em um intervalo de praticamente dez dias. A reprovação caiu de 12% para 5%. O índice daqueles que veem um trabalho regular caiu de 31% para 18%
No mesmo período, a aprovação do presidente Jair Bolsonaro na condução da crise se manteve estável, oscilando dentro da margem de erro de 35% para 33%. A reprovação aumentou de 33% para 39%, também dentro da margem de erro. Permaneceu estável aqueles que consideram regular, passando de 26% para 25%.
Mandetta ressaltou que a aprovação da pasta da Saúde é fruto do momento atual enfrentado pela população, em meio à pandemia. Por isso, as pessoas estariam mais apegadas e em busca de amparo.
Os últimos dias foram marcados por um confronto de visões entre Bolsonaro e seu ministro. O presidente segue se manifestando em defesa da abertura do comércio e outras atividades da economia. Embora evite um confronto direto, Mandetta mantém a posição em defesa do isolamento da população para evitar que o vírus se propague.
Bolsonaro chegou a declarar nesta quinta-feira (2) que falta ao ministro "um pouco mais de humildade" e que Mandetta teria de "ouvir mais o presidente da República".
Mandetta já havia declarado que continuaria executando seu trabalho, independente das críticas do presidente, pois "quem tem mandato, fala; quem não tem, como eu, trabalha".
"Tenho 31 anos de medicina. A gente se prepara para cuidar de pacientes. Eu já tive pacientes em que a família às vezes questiona o médico, briga, e o compromisso é com o paciente", disse o ministro nesta sexta-feira, novamente usando a metáfora de que o país é seu paciente, e Bolsonaro, um membro da família.