Preocupados em conciliar uma política de prevenção capaz de evitar o colapso do sistema de saúde com uma gradual retomada da atividade econômica, governadores estão trabalhando em planos de transição para saída da quarentena. A exemplo de Eduardo Leite, cujos parâmetros para a adoção de um distanciamento controlado foram apresentados nesta terça-feira (21), outros gestores planejam anunciar medidas nos próximos dias.
Nesta quarta-feira (22), será a vez de João Doria. Enfrentando o mais grave quadro de contágio do país, o governador de São Paulo irá divulgar um plano de ação a ser implementado a partir de 11 de maio. Até lá, seguem as atuais regras de isolamento.
Com mais de mil mortes por covid-19 no Estado, Doria encomendou o planejamento aos secretários da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen. Mais de 300 empresários foram consultados, além de economistas e uma equipe multidisciplinar do governo.
No Rio, as novas regras devem valer a partir de 1º de maio. O governador Wilson Witzel planeja anunciar as novas medidas na quinta-feira (23), após uma reunião com seus principais secretários.
Embora atuem de forma coordenada na reação aos ataques do presidente Jair Bolsonaro ou na defesa de preceitos democráticos, como ocorreu no final de semana, quando divulgaram uma carta em defesa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, os governadores não discutem entre si medidas de afrouxamento da quarentena.
Eles conversam com frequência, principalmente por meio de um grupo de WhastApp, mas evitam adotar medidas semelhantes em razão das distintas realidades. São Paulo, por exemplo, a apenas 430 quilômetros do Rio, proporcionalmente enfrenta um quadro muito mais grave de proliferação da doença do que a capital fluminense.
Enquanto os governadores dialogam mais sobre as medidas do governo federal com impacto nos Estados, regras de quarentena e discussão sobre ações que vêm dando certo são compartilhadas sobretudo pelas equipes técnicas. Os auxiliares também observam com cuidado as atitudes que consideram de maior risco, como as adotadas pelo governador de Santa Catarina, Carlos Moisés.
Em decreto publicado na segunda-feira, Moisés permitiu a abertura de shoppings centers, centros comerciais e galerias a partir de quarta-feira (22). Dizendo-se “de mãos amarradas” diante das novas regras estaduais, o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, irá liberar também o funcionamento de academias e igrejas. Nos demais Estados, a eficácia das medidas é vista com ceticismo e há um temor de picos de contágio nas próximas semanas.
Em Brasília, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, aposta numa estratégia diferente. Até o fim dos mês, espera testar mais de 100 mil pessoas. Assim, em 3 de maio prevê a reabertura do comércio e o retorno das aulas nas escolas, embora ainda com uso obrigatório de máscara. O planejamento é de 450 mil pessoas sejam testadas até o final de maio, quando o governador pretende ter a atividade econômica plenamente restabelecida.