A proximidade do presidente Jair Bolsonaro com os três filhos políticos durante discussão de medidas para conter a pandemia de coronavírus no país não é vista como prejudicial pelo vice, Hamilton Mourão. Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, Mourão sustentou que não há influência do trio nas ações adotadas pelo governo.
— Nas reuniões, eles (os filhos) entram no estilo coruja. Só prestam atenção e não falam nada — disse.
Desde o início da crise, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ) participaram de encontros sobre o tema no Palácio do Planalto, com Carlos exercendo influência também sobre a Secretaria de Comunicação do governo. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também é próximo ao pai.
Para Mourão, é incomum uma família com quatro políticos atuantes. Ele acredita que o presidente ouve os filhos, mas no Palácio da Alvorada, que é a residência oficial da Presidência da República, quando conversariam entre si.
— Nenhum dos três tem cargo no governo e muito menos dá palpite nas ações governamentais — sustentou o vice.
Postagem sobre golpe
Na entrevista, Mourão também comentou a postagem que fez na terça-feira (31), celebrando o aniversário de 56 anos do golpe militar de 1964. Em seu perfil pessoal no Twitter, o vice-presidente destacou:
“Há 56 anos, as FA (Forças Armadas) intervieram na política nacional para enfrentar a desordem, subversão e corrupção que abalavam as instituições e assustavam a população. Com a eleição do General Castello Branco, iniciaram-se as reformas que desenvolveram o Brasil. #31deMarçopertenceàHistória".
Segundo o vice-presidente, a manifestação teve o objetivo de exaltar o significado de um período da história do Brasil, com seus “erros e acertos” _ dívida externa, concentração de renda, censura e falta de eleições diretas para presidente foram destacados.
— Esses erros ficaram no passado, vamos ficar com os acertos (...) É algo que pertence à história e lá vai ficar.
Questionado sobre outros erros do período, disse acreditar que a ditadura militar deveria ter acabado no governo do general Emílio Médici, em 1974. Depois dele, ainda governaram o país os generais Ernesto Geisel e João Figueiredo. Os militares deixarem o comando do Planalto somente 11 anos depois.
Ouça a entrevista ao programa Timeline: