Após solicitação de Drauzio Varella, o YouTube excluiu vídeo publicado no canal do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ). A informação foi confirmada à reportagem pela equipe do médico.
No material, gravado em janeiro, quando ainda não havia casos confirmados de coronavírus no Brasil, Drauzio dizia que não havia motivo para mudar a rotina e que continuaria a sair normalmente na rua.
No entanto, o filho do presidente Jair Bolsonaro publicou o vídeo no domingo, 22 de março, quando as recomendações dos órgãos de saúde já haviam mudado e o pedido inclusive do próprio Drauzio — era o de que as pessoas ficassem em casa. Quando o vídeo foi excluído, já contava com mais de 40 mil visualizações.
Ao publicar o vídeo fora de contexto, Flávio o colocou como reforço ao argumento que tem sido defendido por seu pai e alguns aliados mais radicais de que há uma reação exagerada à pandemia e de que o confinamento de pessoas proposto por governadores é equivocado e prejudicará a economia nacional.
A equipe do médico disse à reportagem que não pensa em processar Flávio ou quem quer que esteja promovendo os vídeos fora de contexto.
— Não estamos pensando em ação. O foco é manter nosso trabalho, que acreditamos ser essencial neste momento. Não vamos perder tempo com nada que fuja da nossa função de informar a população sobre a pandemia — afirmam.
O Brasil já teve 57 mortes por coronavírus e 2.433 casos confirmados, segundo números divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira. Com base nos números de secretarias estaduais, já são contabilizados 61 óbitos.
Aliados de Bolsonaro têm sido alvo de políticas de ataque à desinformação promovidas pelas redes sociais em meio à pandemia. Como mostrou a Folha de S.Paulo, o Twitter apagou posts e paralisou por 12 horas as contas de Flávio Bolsonaro, Allan dos Santos (influenciador bolsonarista) e Ricardo Salles (ministro do Meio Ambiente) por acreditar que estavam aumentando o risco de as pessoas se exporem ao coronavírus.