O governo do Ceará retomou, na madrugada desta quinta-feira (20), o controle do 3° Batalhão da Polícia Militar em Sobral. Os manifestantes, policiais militares que reivindicam aumento salarial e seus familiares, ocupavam o local desde a noite de terça (18) e saíram antes da chegada do Batalhão de Choque da PM.
Na tarde de quarta-feira (19), o senador licenciado Cid Gomes (PDT-CE) foi atingido por dois tiros quando tentou entrar no quartel dirigindo uma retroescavadeira. Ele está estável e internado no Hospital do Coração de Sobral e deve ser transferido ainda nesta quinta para Fortaleza.
A retroescavadeira usada por Cid ainda está na frente do quartel na manhã desta quinta-feira, quando será feita uma perícia no veículo que foi alvejado por tiros e também por pedras.
Sobral é a base eleitoral de da família Gomes, da qual também faz parte o ex-governador Ciro, que apoiam o governador Camilo Santana (PT) e, nacionalmente, fazem oposição ao presidente Jair Bolsonaro. Cid foi governador do Estado em momento semelhante de crise com a PM, em 2012.
Pelas redes sociais, Camilo Santana classificou como "inaceitável" o que chamou de "extrema violência" praticada "por um grupo de policiais mascarados, amotinados num quartel". O governador petista informou que pediu reforços ao governo federal.
Desde o início de 2020, o governo de Camilo Santana e associações dos policiais e bombeiros militares negociam reestruturação salarial. Nesta terça-feira, a proposta final foi enviada para a Assembleia Legislativa, que vai discutir o projeto e votar, mas parte da categoria não ficou satisfeita com o que foi definido.
Até quarta-feira, três policiais foram presos e 261 eram investigados por participarem do motim no Ceará, que foi proibido na segunda (17) pela Justiça. Os protestos já chegam a ao menos a sete cidades do interior do Ceará.