Alvo de operação da Polícia Federal (PF) na semana passada, o presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Ronaldo Nogueira (PTB-RS), pediu demissão do cargo nesta terça-feira (11). O jornal O Globo noticiou que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, já assinou a exoneração e que o substituto deverá indicado pela bancada evangélica.
Na última quinta-feira (6), a PF deflagrou uma ação no prédio da Funasa, em Brasília. Os agentes investigam supostos desvios no extinto Ministério do Trabalho, comandado por Nogueira entre 2016 e 2018, no governo Michel Temer.
Segundo a PF, o esquema envolve uma empresa de tecnologia contratada para gerir sistemas informatizados e detectar fraudes no seguro-desemprego. Os desvios somariam R$ 50 milhões. Além de Nogueira, o ex-assessor do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, Pablo Tatim e o ex-deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO) também são investigados.
Na operação, batizada de Gaveteiro, 41 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços no Rio Grande do Sul e em Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e no Distrito Federal. A ação também incluiu dois mandados de prisão preventiva – os nomes dos alvos não foram divulgados. Eles poderão ser enquadrados nos crimes de peculato, organização criminosa, fraude à licitação, falsificação de documento particular, corrupção ativa e passiva.
Nos bastidores, já se comentava que a permanência de Nogueira na Funasa era insustentável. Em nota, o ex-ministro disse que decidiu se desligar para ter "mais tempo para se dedicar a sua defesa" e para "preservar as atividades e a integridade da Funasa". Ele também afirmou ter "absoluta convicção" de sua inocência.
Pastor, Nogueira chegou à fundação apoiado pela bancada evangélica na Câmara. Foi na gestão dele à frente do Ministério do Trabalho que foi aprovada a legislação que compõe a reforma trabalhista. Bem-vistas por empresários, as mudanças nas regras chegaram a ser cogitadas bandeiras de campanha na tentativa de reeleição do ex-parlamentar. Mas os dados sobre desemprego não o favoreceram. Ele também enfrentou polêmicas na pasta como a portaria do trabalho escravo.
Leia a nota de Nogueira na íntegra
Em virtude das notícias veiculadas na imprensa nacional nos últimos dias, com ilações sobre o meu nome, tomei a decisão individual de apresentar meu pedido de demissão do cargo de presidente da Funasa – Fundação Nacional de Saúde.
Tomei a iniciativa deste gesto por entender ser o melhor a ser feito no momento. Desta forma, terei mais tempo para dedicar-me à minha defesa e para trazer à luz a verdade dos fatos, bem como, preservar as atividades e a integridade da Funasa, fundação esta que aprendi a admirar e a respeitar, pela importância do seu trabalho para o povo brasileiro.
Tenho muita honra de ter presidido esta instituição e dos resultados que alcançamos, juntamente com os servidores. Neste último ano, reduzimos as despesas de custeio em 15%, entregamos mais de 340 obras e mais de 2.500 estão em execução.
Desde já, agradeço a confiança do presidente da República, Jair Bolsonaro, a mim depositada, e o apoio dos ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Em especial gostaria de agradecer a todos os servidores e à direção da Funasa pela colaboração e pelo trabalho realizado. Sem dúvida, vocês têm muito do que se orgulhar.
Tenho absoluta convicção da minha inocência em relação às denúncias envolvendo meu nome e, com toda a serenidade necessária, provarei isso junto às instâncias responsáveis.