O acordo feito a portas fechadas na terça-feira (28) entre Cpers-Sindicato e governo fortaleceu o atrito entre grupos divergentes dentro da entidade. Os opositores à atual direção se reuniram nesta quarta-feira (29) e decidiram que os professores devem ser comunicados oficialmente sobre o que estão chamando de "conchavo" e "traição". Para isso, prometem convocar assembleia geral em data a ser definida. O centro da discussão é o alegado consentimento do Cpers para que o triênio seja transformado em parcela autônoma, desvinculado ao salário, no pacote que está sendo votado na Assembleia.
— Estamos muito chocados com o que aconteceu, pois o sindicato é nossa ferramenta de luta. Depois desta negociação, a direção não nos representa mais _ enfatizou a ex-presidente Rejane Oliveira.
Ela pontua que o acordo costurado não teve aval da categoria, que estaria unida pela retirada de todo o projeto, sem qualquer discussão sobre aceitar ou não emendas.
— Dissemos não ao projeto como um todo e não autorizamos a direção a negociar direitos adquiridos. Isso fere um dos princípios da entidade e caracteriza traição. Por conta deste conchavo, só nos resta romper a unidade que vínhamos tendo — complementou.
Para a ex-presidente, a anuência do Cpers foi determinante para a aprovação do projeto-mãe do pacote do funcionalismo, que altera carreira e regras de aposentadoria dos servidores. O texto recebeu 35 votos favoráveis. Eram necessários 33.
O Cpers, entidade de 75 anos e que representa 80 mil professores, disse em nota que jamais aceitará negociar direitos, mas reconheceu não ser "possível brigar com a realidade" de que Eduardo Leite "tem a mais ampla base governista na AL desde a redemocratização".
"Diante da convocação extraordinária – sinal de que o governo já tinha o apoio necessário para aprovar o pacote – nos vimos diante de uma encruzilhada histórica. Optamos, com a responsabilidade que nos cabe enquanto lideranças, pela via da redução de danos até o limite possível, com a mediação do MDB. Evitou-se, assim, o congelamento dos salários da categoria, criando condições para aumentos reais a partir de 2021. Sem esta articulação, aposentados poderiam ficar até 11 anos com os proventos paralisados."