Preocupados com os efeitos da reforma da Previdência, servidores da antiga Caixa Econômica Estadual lotaram a Divisão de Pessoal e Desenvolvimento de Recursos Humanos (Dipes) nos últimos dias para pedir aposentadoria. No corredor que dá acesso ao órgão, localizado no Centro Administrativo do Estado, em Porto Alegre, até fila se formou.
Conforme o presidente do Sindicaixa, Érico Corrêa, dos 500 estatutários remanescentes do banco — extinto no fim da década de 1990, no governo Antônio Britto (MDB) — pelo menos 400 encaminharam os papéis para se aposentar. Somente entre segunda (21) e esta terça-feira (22), foram formalizadas, segundo Corrêa, de 250 a 300 solicitações.
— O pessoal se assustou com o que vem pela frente, e nós corremos para garantir os direitos dos colegas. O sindicato pagou uma van para levar as pessoas até a Dipes. Eu mesmo estive lá, para entregar lanches para o pessoal que veio do Interior — diz o líder sindical.
De acordo com Corrêa, os servidores estão dispersos em diferentes órgãos do Estado, trabalhando em serviço administrativo. Há profissionais no Instituto-Geral de Perícias (IGP), na Polícia Civil e nas secretarias de Planejamento, Agricultura e Saúde, entre outros setores.
O motivo da debandada é o medo de perder direitos em razão da reforma previdenciária — em especial, devido ao fim da incorporação de vantagens temporárias às aposentadorias. Inicialmente, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) havia definido que essa medida seria adotada automaticamente no Estado, o que provocou a corrida por aposentadorias.
Nesta terça-feira, na tentativa de conter a debandada, a PGE decidiu rever o parecer, para assegurar o direito adquirido dos servidores de incorporar funções gratificadas (FGs). Se isso se confirmar, Corrêa diz que a maioria dos servidores da antiga Caixa pode até desistir de ingressar no quadro de inativos. Apesar disso, o receio persiste.
— O pessoal quer ficar trabalhando, mas como confiar na PGE? Muda governo, muda procurador e o que sobra para nós? Não podemos correr riscos — afirma o sindicalista.