O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, disse nesta terça-feira (22) que se sente "injustiçado" após ter sido denunciado pelo Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais no âmbito da investigação sobre candidaturas-laranja do PSL no Estado, em 2018, quando estava à frente do diretório estadual do partido.
— Não há nenhuma comprovação que eu tivesse envolvimento ou sequer ciência do que estava ocorrendo no partido, onde, segundo a autoridade policial, há indícios de algumas irregularidades — afirmou. — Me sinto injustiçado nesse indiciamento, mas continuo confiando no trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público. Continuando confiando na Justiça, que vai ser o melhor âmbito para provar minha total inocência nesse caso — disse.
O ministro deu a declaração na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor do Senado, na condição de convocado, depois de faltar a uma primeira audiência para a qual havia sido convidado.
No início do mês, o Ministério Público Eleitoral de Minas denunciou Marcelo Álvaro Antônio e mais 10 pessoas. Segundo a denúncia, foram cometidos os crimes de falsidade ideológica, de apropriação indébita eleitoral e de associação criminosa.
Marcelo Álvaro Antônio negou a existência de candidaturas-laranja do PSL em Minas Gerais em 2018. Segundo ele, os candidatos e as candidatas fizeram de fato campanhas políticas.
— Realmente, o PSL em Minas Gerais não teve essa prática de candidaturas laranjas.
O caso das laranjas
Conforme reportagens do jornal Folha de S.Paulo, Álvaro Antônio teria patrocinado um esquema de candidaturas de fachada, em Minas Gerais, que direcionou verbas públicas de campanha para empresas ligadas ao seu gabinete na Câmara dos Deputados.
O material aponta ainda que, após indicação do PSL mineiro — presidido à época pelo próprio Álvaro Antônio —, o comando nacional do partido do presidente Jair Bolsonaro repassou R$ 279 mil a quatro candidatas. O valor representa o percentual mínimo exigido pela Justiça Eleitoral (30%) para destinação do fundo eleitoral a mulheres.
Apesar de figurar entre os 20 candidatos do PSL no país que mais receberam dinheiro público, essas quatro mulheres tiveram desempenho insignificante no pleito. Juntas, receberam pouco mais de 2 mil votos, em um indicativo de candidaturas de fachada, em que há simulação de alguns atos reais de campanha, mas não empenho efetivo na busca de votos.