Em carta divulgada nesta segunda-feira (30) e lida em frente à Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba (PR) pelo seu advogado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não pretende aceitar a progressão de regime à qual tem direito.
Na sexta-feira (27), os procuradores da força-tarefa da Operação Lava-Jato afirmaram que o ex-presidente já pode ir ao regime semiaberto, uma vez que já cumpriu um sexto da pena por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Lula está preso desde o dia 7 de abril de 2018.
"Não troco minha dignidade pela minha liberdade. Diante das arbitrariedades cometidas pelos procuradores e por Sergio Moro (ex-juiz e hoje ministro da Justiça), cabe agora à Suprema Corte corrigir o que está errado, para que haja Justiça independente e imparcial. Como é devido a todo cidadão", afirmou o ex-presidente na carta.
Nesta segunda-feira (30), Lula se reuniu com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o candidato do partido à Presidência em 2018, Fernando Haddad, que são seus advogados, para discutir uma eventual saída da prisão.
Em documento protocolado na tarde de sexta-feira (27), a equipe da Lava-Jato afirma que Lula já cumpre as condicionantes para que progrida de regime. A recomendação, assinada pelos 15 procuradores do grupo de Curitiba, incluindo o coordenador Deltan Dallagnol, agora será avaliada pela juíza Carolina Lebbos, responsável por administrar o dia a dia do cumprimento da pena.
Lula já havia manifestado anteriormente que só pretendia deixar a prisão sendo considerado inocente pela Justiça. O petista resiste, por exemplo, à possibilidade de usar tornozeleira eletrônica.
Na carta desta segunda, Lula afirma que "tudo que os procuradores da Lava Jato realmente deveriam fazer é pedir desculpas ao povo brasileiro, aos milhões de desempregados e à minha família, pelo mal que fizeram à democracia, à Justiça e ao país".
"Já demonstrei que são falsas as acusações que me fizeram. São eles e não eu que estão presos às mentiras que contaram ao Brasil e ao mundo", afirma.
Leia a íntegra da carta:
"Ao povo brasileiro
Não troco minha dignidade pela minha liberdade
Tudo que os procuradores da Lava Jato realmente deveriam fazer é pedir desculpas ao povo brasileiro, aos milhões de desempregados e à minha família, pelo mal que fizeram à democracia, a Justiça e ao país.
Quero que saibam que não aceito barganhar meus direitos e minha liberdade.
Já demonstrei que são falsas as acusações que me fizeram. São eles e não eu que estão presos às mentiras que contaram ao Brasil e e ao Mundo.
Diante das arbitrariedades cometidas pelos Procuradores e por Sergio Moro, cabe agora à Suprema Corte corrigir o que está errado, para que haja Justiça independente e imparcial. Como é devida a todo cidadão.
Tenho plena consciência das decisões que tomei nesse processo e não descansarei enquanto a verdade e a Justiça não voltarem a prevalecer.
Curitiba 30/09/2019
Lula"