O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato no Paraná, afirmou nesta quinta-feira (25) que o trabalho da operação "continua em pleno vigor".
Em evento do Ministério Público Federal (MPF), em Curitiba, ele fez uma de suas primeiras manifestações públicas desde o início do vazamento de mensagens da Lava-Jato, publicadas inicialmente pelo site The Intercept Brasil a partir do dia 9 de junho.
— Esse trabalho não vai parar porque o crime de corrupção no Brasil não deve mais compensar. Esse é um dia de registro de que esse trabalho continua e continua em pleno vigor. A Lava-Jato celebra mais um dia histórico, em que se tenta personalizar e desqualificar a Lava-Jato. Esse trabalho é institucional e não para aqui — discursou Deltan.
Ao lado do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e de outras autoridades, como o superintendente da Polícia Federal no Paraná, Luciano Flores, Deltan participou de ato que marcou o repasse de quase R$ 425 milhões à estatal, recuperados pela Lava-Jato. O dinheiro provém de acordos de leniência com empresas que foram investigadas pela operação.
Nos discursos, várias exaltações ao trabalho da Lava-Jato, principalmente na recuperação de valores desviados com a corrupção na estatal. Deltan ressaltou que os funcionários da Petrobras que se envolveram nos crimes investigados são minoria na empresa.
— Os funcionários da Petrobras representam a sociedade brasileira que igualmente se viu lesada por uma minoria que pratica corrupção. E é uma minoria conforme comprovam pesquisas. Assim como essa minoria corrupta não representa a sociedade brasileira, a minoria que praticou crimes de corrupção dentro da Petrobras não representa os funcionários — disse.
O evento durou menos de uma hora e nenhuma das autoridades falou com a imprensa.
"Heróis nacionais"
Em seu discurso, Castello Branco exaltou o trabalho da Lava-Jato, afirmando que os membros da operação são "heróis nacionais". Segundo ele, uma organização criminosa tenta macular a imagem da operação "para obter a liberação de criminosos" e fazer com que o Brasil retroceda no combate à corrupção.
— Meu objetivo é dizer quanto nós apreciamos o trabalho da Operação Lava-Jato que, para nós, sem nenhum exagero, vocês são heróis nacionais que salvaram o Brasil de muitos problemas e atuam para promover a prosperidade da sociedade brasileira — discursou.
Castelo Branco também afirmou que o trabalho impediu a Petrobras de se transformar numa PDVSA, a companhia estatal de petróleo da Venezuela que, segundo ele, foi "destruída pela corrupção".
— Hoje a Petrobras é uma companhia forte, saudável, com bons padrões de governança e fortemente comprometida a recuperar cada centavo roubado — disse.
Os valores
Do total devolvido nesta quinta-feira à estatal, R$ 313 milhões são de uma parcela do acordo de leniência com o Grupo Technip, R$ 44,8 milhões correspondem ao termo com a Camargo Corrêa, e R$ 67 milhões são provenientes das chamadas renúncias voluntárias.
O total de valores devolvidos à Petrobras chegaram a quantia de R$ 3.023.990.764,92. A estatal também recebeu cerca de R$ 985,5 milhões de outras unidades do MPF de fora do Paraná.
Ainda foram devolvidos outros valores à União (R$ 416,5 milhões), R$ 59 milhões foram transferidos à Justiça Federal de Goiás (referente ao caso Valec Engenharia), e R$ 350 milhões foram usados no abatimento de tarifas de pedágio em rodovias do Paraná.