Em evento na igreja Assembleia de Deus, em Goiânia, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) indagou nesta sexta-feira (31) se não era a hora de haver um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) evangélico.
O presidente ainda questionou se a corte não estaria "legislando", ao julgar uma ação que trata da criminalização da homofobia.
— Será que não está na hora de termos um ministro do STF evangélico? — perguntou o presidente, ao falar para um público da igreja Assembleia de Deus Ministério Madureira.
Sua fala foi seguida de uma forte salva de palmas, e os presentes chegaram a levantar em sinal de aprovação às palavras do presidente.
Bolsonaro participou nesta sexta-feira da Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil ao lado do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). O assunto STF foi abordado pelo presidente quando ele mencionou o julgamento sobre a criminalização da homofobia.
— Existe algum entre os 11 ministros do STF evangélico, cristão?— indagou.
Ao tratar do tema, Bolsonaro disse que a imprensa que estava presente no evento "vai ter que desvirtuar algo" da sua fala.
Pedindo desculpas ao STF, a quem disse que não pretendia atacar, disse:
— Desculpa o Supremo. Eu jamais atacaria um outro poder, mas não estão legislando?
Ele disse que o Estado é laico, mas ele, cristão.
— Se me permitem plagiar a ministra Damares, eu também sou terrivelmente cristão— falou.
Em nova crítica à imprensa, disse:
— Não me venha a imprensa dizer que quero misturar a Justiça com religião.
Na semana passada, o Supremo formou maioria (seis votos) para enquadrar a homofobia e a transfobia na lei dos crimes de racismo até que o Congresso Nacional aprove lei sobre o tema.
O julgamento, que havia começado em fevereiro, na quinta-feira (23), um dia depois de a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado fazer avançar um projeto de lei que criminaliza a discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero.
O julgamento no STF agora deverá ser retomado no próximo dia 5 de junho.
Nesta sexta, Bolsonaro encerrou o discurso de 17 minutos sob fortes aplausos e gritos de "mito", que por algumas vezes interromperam sua fala.
— A palavra, a fé, tem que estar presente em cada instituição do Brasil — disse.