A agenda nacional das manifestações em favor do governo federal, que estão previstas para o próximo domingo (26), inclui Porto Alegre. Na Capital gaúcha, os atos estão marcados para ocorrer na Rua 24 de Outubro, perto do Parcão — tradicional ponto de encontro dos movimentos de direita.
Organizadas como resposta aos protestos da última quarta-feira (15), quando a população foi às ruas mostrar insatisfação com o corte de verbas para a educação, as ações a favor do presidente Jair Bolsonaro contemplam pautas como apoio ao chefe do Executivo, à reforma da Previdência e à administrativa (como a redução no número de ministérios).
Contudo, segundo o ex-candidato a deputado estadual e filiado ao PSL — mesmo partido de Bolsonaro —, Luiz Salatino, trata-se um uma iniciativa que extrapola qualquer ligação partidária e não tem liderança definida.
— É um evento de cidadãos, não de políticos. Queremos demonstrar que é importante a população dar seu apoio ao governo Bolsonaro, para que consiga levar adiante o que propôs na campanha. Precisamos mostrar que o povo está do lado dele — explica Salatino, que está na organização do encontro de simpatizantes com as causas do Planalto.
— Somos favoráveis à reforma da Previdência sem que seja desidratada, ou com o mínimo de alteração, e queremos que pacote anticrime seja levado a votação — defendeu.
Além da reforma da Previdência e do pacote anticrime do ministro Sergio Moro, o grupo defende a medida provisória (MP) 870, que trata da reforma administrativa que enxuga a estrutura governamental.
— Essa medida está sendo elemento de chantagem contra o governo federal. Se não passar, a estrutura governamental passa a ser igual a do Temer, aumentando os gastos, podendo fazer com que o presidente caia na Lei de Responsabilidade Fiscal e seja motivo de impeachment pela mesma razão da Dilma.
De acordo com o ex-pretendente à Assembleia Legislativa, temas como fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) não estão na pauta das manifestações previstas para domingo.
— Assim como tem a esquerda radical, há a direita radical. Essa bandeira não é nossa, não somos intervencionistas. Acho que existe um longo caminho democrático a ser percorrido antes de uma atitude extrema desse tipo — pontua Salatino.
E o PSL gaúcho?
Parte das bancadas gaúchas da Câmara dos Deputados e da Assembleia Legislativa garante presença nos atos, mesmo com a confirmação de que Bolsonaro não irá às manifestações. Além disso, o presidente orientou seus ministros a não participarem dos atos. Em Brasília, há membros da bancada da legenda contrários às manifestações por considerar que quem está no poder já tem legitimidade para governar e não deve provocar mobilizações.
Conforme assessoria, o deputado estadual tenente-coronel Zucco afirma que estará nas manifestações do próximo domingo:"Participarei de todas as manifestações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro".
O deputado federal Ubiratan Sanderson também confirma presença nos atos pró-governo, justificando que trata-se de um movimento "suprapartidário e pró-Brasil"
— Domingo, 14h30min, estarei no Parcão apoiando o governo de Jair Bolsonaro. A manifestação não é contra ninguém, mas sim para emprestar nosso apoio total e irrestrito ao governo de Jair Bolsonaro. Vamos mostrar que somos a favor da reforma da Previdência e da medida 870 (da reforma administrativa).
Nereu Crispim (PSL), outro gaúcho ocupante de uma das 31 cadeiras do RS no legislativo federal, assegura presença nos atos:
— Eu nunca fui político, e me elegi com as pautas do presidente Jair Bolsonaro. Sou favorável à nova Previdência e à reforma administrativa, e vou declarar meu apoio ao presidente. Quem tem intenção de fazer um novo Brasil deve participar — afirma o parlamentar, que assumiu a presidência do partido no Estado recentemente, após divergências internas e renúncia do posto por parte do Coronel Zucco.
Crispim, no entanto, ainda não sabe sabe se irá nos atos em Porto Alegre ou Brasília.
Conforme Luiz Salatino, a organização do ato conta com "outros voluntários, tanto financeiramente quanto operacionais". Até as 16h de terça-feira (21), havia em torno de 1,2 mil confirmados no evento oficial das manifestações no Facebook. Segundo ele, a confirmação de que Bolsonaro ficará de fora dos protestos não diminui a intenção de mostrar suporte ao maior expoente do PSL no Brasil.
— Ele (presidente) não quer tornar isso um evento político.
Quais as pautas da manifestações (Fonte: evento oficial no Facebook)
- Apoio ao governo de Jair Bolsonaro;
- Pela aprovação na íntegra da MP 870, que reestrutura a administração federal;
- Pela aprovação da reforma da Previdência, de Paulo Guedes, sem que seja desidratada;
- Pela aprovação do pacote anticrime de Sergio Moro;
- Contra as manobras e ineficiência do STF;
- Contra as "articulações" e "chantagens" de Maia e Alcolumbre para engessar o governo Bolsonaro.
- Apoio a Lava-Toga e Lava-Jato.