A 61ª fase da Lava-Jato chegou a Porto Alegre ao investigar os negócios de Tarcísio Rodrigues Joaquim, um dos suspeitos presos nesta quarta-feira (8) pela Polícia Federal. Diretor da área de câmbio do Banco Paulista, ele é suspeito de facilitar a lavagem do dinheiro empregado pela Odebrecht no pagamento de propinas. Na Capital, ele é sócio de uma empresa de intermediação de pagamentos.
Também foram presos outros dois executivos do banco, Paulo Cesar Haenel Pereira Barreto e Gerson Luiz Mendes de Brito. Conforme a Polícia Federal, a instituição financeira mantinha contratos ideologicamente falsos no valor de R$ 48 milhões. O dinheiro seria repassado a seis executivos da Odebrecht lotados no "Setor de Operações Estruturadas", o departamento de propina da construtora. Também teriam sido identificados repasses suspeitos, na ordem de R$ 280 milhões, a empresas de fachada.
Na Capital, a PF vasculhou dois locais: um apartamento no bairro Jardim Europa e um escritório no bairro Rio Branco. Os endereços estão vinculados ao empresário Luciano Médici Antunes, sócio de Tarcísio na OK Pago, empresa de intermediação de pagamentos. Agentes federais recolheram documentos, computadores e telefones celulares, mas não esclareceram qual a eventual participação da OK Pago ou de Antunes na supostas operações criminosas.
No processo que tramita na 13ª Vara Federal de Curitiba, fica claro que desde o começo da investigação Tarcísio era um dos alvos principais desde fevereiro, quando foram expedidos os mandados de prisão. Somente em abril, em documento enviado à Justiça Federal, o Ministério Público descobriu que ele detinha 50% da OK Pago, ocasião em que foi solicitado que os mandados de busca e apreensão fossem estendidos às sedes da empresa, em Porto Alegre e São Paulo, e à residência de Antunes.
Em seu site, a OK Pago se apresenta como uma empresa de "soluções de pagamento", facilitando cobrança para seus clientes, entre eles igrejas, entidades beneméritas e até políticos. A empresa diz arrecadar R$ 12 milhões por mês, por meio de 170 mil transações.
Na Capital, a OK Pago tem sede em um espaço de coworking. Informações extraoficiais sustentam que Tarcísio é o principal investidor do negócio, sendo responsável pelo pagamento dos oito funcionários e do aluguel. Embora a OK Pago afirme em seu site que opera com "suporte e garantia" do Banco Paulista, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal não esclareceram se há relação da empresa nas transações do banco com os contratos supostamente fraudulentos usados pela Odebrecht.
Tão logo os agentes cumpriram os mandados, Antunes compareceu de forma voluntária à sede da PF na Capital, onde prestou depoimento. Na sede da empresa, uma funcionária disse que ele deve se manifestar em breve sobre a operação.