Política

Após bate-boca

"O próprio governo se faz oposição", afirma Haddad sobre reforma da Previdência 

Para petista, proposta não combate privilégios, mas mira camada da população mais necessitada

GZH

Seis meses após ser derrotado na disputa pela Presidência da República, o ex-ministro Fernando Haddad (PT) avaliou o governo de seu adversário nas eleições de 2018, o candidato eleito pelo PSL Jair Bolsonaro. Ao citar o bate-boca que terminou implodindo a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que falou a respeito da proposta de reforma da Previdência enviada pelo Planalto, Haddad afirmou que "o próprio governo se faz oposição". 

— Eles não se entendem. Ontem (3) teve um espetáculo porque, no fundo, o ministro da Economia simplesmente se recusou a abrir os números da reforma. Um ministério que está há dois meses falando que vai cortar R$ 1 trilhão de benefícios previdenciários — disse o petista em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha. — Quem que vai pagar essa conta? Nós sabemos que os militares não são — enfatizou. 

Para Haddad, pelo modelo de reforma da Previdência que foi encaminhado pelo Executivo, "não há combate de privilégios", e "é o trabalhador rural (quem) está pagando, a mulher está pagando, o benefício pago a idosos carentes está pagando" o equilíbrio fiscal.

O petista também criticou a articulação política do governo, e afirmou que o presidente Jair Bolsonaro precisa assumir suas responsabilidades.

— Não está se vendo um plano geral de voo. Não dá pra terceirizar tudo. Tem coisa que é ele (Bolsonaro) que tem que chamar para a mesa dele, e não pode alegar cansaço. Ele ficou 30 anos na Câmara sentado no bem bom. Agora tem que sentar presidente da República — critica.

Na quarta-feira (4), ao longo da audiência de Paulo Guedes com a oposição na CCJ para esclarecer pontos da proposta previdenciária, a temperatura foi subindo, e o ministro recebeu críticas ao deixar de responder questões técnicas dos deputados. A sessão foi encerrada após uma provocação do deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), que chamou o ministro de "Tchuchuca"

— O ministro da economia tem que apresentar uma planilha. Aí não apresenta os números e fica inconformado com o tom irônico que se usa contra ele?  — indaga Haddad.

Ouça a entrevista completa: 


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