O Museu Americano de História Natural de Nova York publicou nesta segunda-feira (15), em sua conta oficial em uma rede social, que não sediará a cerimônia de premiação do presidente Jair Bolsonaro como "Pessoa do Ano".
"Com respeito mútuo pelo trabalho e pelos objetivos de nossas organizações individuais, concordamos em conjunto que o museu não é o local ideal para o jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-EUA. Este evento tradicional terá lugar em outro local na data e hora originais."
Nos comentários do post, a maioria dos usuários agradece à atitude da instituição.
Em uma série de publicações em inglês e em português feitas no domingo (14), o museu diz querer "deixar claro que não convidou o presidente Bolsonaro". "Ele foi convidado como parte de um evento externo." A instituição também agradeceu "às pessoas que expressaram sua opinião sobre o evento da Câmara de Comércio Brasil-EUA".
A cerimônia de premiação está marcada para 14 de maio. Todos os anos, a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos escolhe duas personalidades, uma americana e outra brasileira, e as homenageia diante de cerca de mil convidados, com entradas ao preço individual de US$ 30 mil. O nome do americano homenageado neste ano ainda não foi divulgado.
A reportagem questionou o museu sobre quais seriam as preocupações em relação a Bolsonaro. Em nota, a assessoria afirmou que o evento em homenagem ao brasileiro não reflete "de nenhuma maneira" as posições da instituição em relação à proteção da Floresta Amazônica.
Na sexta-feira (12), o prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio, pediu ao museu que não recebesse Bolsonaro e criticou o que considera ser posições homofóbicas e racistas do presidente, além de seu discurso sobre a Amazônia.
Em entrevista à rádio WNYC, o apresentador, Brian Lehrer, perguntou ao prefeito se o museu deveria aceitar a realização do evento, considerando que a entidade recebe recursos públicos para se manter.
— Isso (homenagear Bolsonaro) vai além de uma mera ironia e chega a ser uma contradição chocante. Esse cara é um ser humano muito perigoso — espondeu de Blasio.
Em reação às críticas do democrata, o assessor da presidência brasileira para assuntos internacionais, Filipe Martins, chamou o prefeito de Nova York de "toupeira".
— Não há surpresa alguma em ver Bill de Blasio – um sujeito que colaborou com a Revolução Sandinista, que considera a USSR um exemplo a ser seguido e que faz comícios no monumento dedicado a Gramsci no Bronx – criticando o presidente Bolsonaro. Surpresa seria uma toupeira dessas o elogiar — escreveu Martins em uma rede social.
Em comunicado divulgado em fevereiro, a Câmara de Comércio Brasil-EUA diz que a escolha de Bolsonaro como pessoa do ano é um "reconhecimento de sua intenção fortemente declarada de fomentar laços comerciais e diplomáticos mais próximos entre Brasil e Estados Unidos e seu firme comprometimento em construir uma parceria forte e duradoura entre as duas nações."