Depois de apagar de suas contas um vídeo de Olavo de Carvalho, o presidente Jair Bolsonaro diz que as críticas do escritor a militares "não contribuem" com o governo.
— Suas recentes declarações (de Olavo de Carvalho) contra integrantes dos poderes da República não contribuem para a unicidade de esforços e consequente atingimento de objetivos propostos em nosso projeto de governo — afirmou o presidente, por meio de nota, lida pelo porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, nesta segunda-feira (22).
Rêgo Barros ponderou, contudo que Olavo, considerado guru da nova direita, "teve um papel considerável na exposição das ideias conservadoras que se contrapuseram à mensagem anacrônica cultuada pela esquerda e que tanto mal fez ao país".
O porta-voz disse ainda que o presidente "tem convicção de que o professor, com seu espírito patriótico, está tentando contribuir com a mudança e com o futuro do Brasil".
No último sábado (20), um vídeo em que Olavo fazia críticas a aliados de Bolsonaro, sobretudo militares, foi publicado no canal oficial do presidente no YouTube e divulgado depois pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente. Após repercussão negativa, o vídeo foi apagado no domingo (21).
Na gravação, o escritor questiona a contribuição das escolas militares para o país e diz que o regime militar (1964-1985) "destruiu os políticos de direita":
— Qual foi a última contribuição das escolas militares para a alta cultural nacional? As obras do Euclides da Cunha. Depois de então foi só cabelo pintado e voz empostada. Cagada, cagada. Esse pessoal subiu ao poder em 1964, destruiu os políticos de direita e sobrou o quê? Os comunistas.
Nesta segunda, o vice-presidente da República, o general Hamilton Mourão, rebateu as críticas feitas à classe militar pelo escritor. Para o general da reserva, o ideólogo de direita não deveria comentar sobre assuntos que não conhece e se limitar à função de astrólogo.
O escritor que vive nos EUA estudou astrologia e é considerado uma espécie de guru dos filhos de Bolsonaro e de ministros do chamado núcleo ideológico do governo, como Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Abraham Weintraub (Educação).
— Acho que ele deve se limitar à função que ele desempenha bem, que é de astrólogo. Ele pode continuar a prever as coisas, que ele é bom nisso — reagiu Mourão.