Em vídeo postado na terça-feira (5) em sua conta no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro mostra imagens obscenas. Como legenda, escreveu: "Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conclusões".
As imagens, que revelam nudez e um dos dois envolvidos urinando no outro, geraram reações divergentes nos usuários da rede social. Na imprensa internacional, o caso também repercutiu.
O The New York Times, jornal diário dos Estados Unidos, traz uma publicação com o título "Brazil's culture wars make a graphic appearance in Bolsonaro's Twitter feed" (Guerras culturais do Brasil provocam imagens fortes no feed do Twitter de Bolsonaro, em tradução livre). No texto, trechos como "torna-se evidente que o Sr. Bolsonaro não é menos impulsivo com suas redes de mídias sociais do que quando candidato. Assessores e aliados têm expressado descontentamento que, como presidente, ele continua a conduzir negócios por meio de WhatsApp."
Outro veículo da imprensa internacional que abordou a atitude do presidente brasileiro foi o The Washington Post. Sob o título de "Brazil's Bolsonaro tweets a lewd video, evoking outrage" (Bolsonaro publica vídeo obsceno, evocando indignação), a matéria trata, entre outros tópicos, da polêmica criada entre apoiadores e opositores do presidente. "A repercussão foi rápida contra Bolsonaro, que tem recebido considerável apoio da direita do país, incluindo evangélicos. Diversos usuários denunciaram Bolsonaro ao Twitter. Alguns foram mais longe, exigindo o impeachment do presidente por violar a lei brasileira que proíbe o presidente de 'agir de maneira incompatível com a dignidade, honra e decoro do cargo'".
Por sua vez, o jornal inglês The Independent repercute o fato de o chefe do Executivo brasileiro não saber o que é "golden shower" (fetiche de urinar na frente de um parceiro ou sobre ele). "Jair Bolsonaro tuita 'o que é golden shower' depois de postar vídeo explícito de um homem urinando na cabeça de alguém" diz a chamada do material.
"Críticos acusam o presidente de usar o incidente para encobrir protestos que se espalharam no Carnaval pelo país, nos quais muitos participantes estavam vestidos de maneira a zombar de escândalos de lavagem de dinheiro envolvendo Bolsonaro. Promotores federais lançaram ampla investigação sobre pagamentos suspeitos", assinala o The Independent.
O jornal britânico The Guardian estampou a chamada "Brazil's Bolsonaro ridiculed after tweeting explicit carnival video" (Bolsonaro é ridicularizado depois de postar vídeo explícito de Carnaval). De acordo com a reportagem, a postura do presidente pode ser entendida como tentativa de ofuscar as críticas feitas durante os dias de Carnaval. "Foliões de todo o país usaram a festa anual de rua como uma oportunidade para protestar contra seu líder extremista que é notório por seus comentários homofóbicos e racistas, e cuja eleição esmagadora no ano passado horrorizou os brasileiros progressistas", aponta a publicação.
Com circulação no Reino Unido e na Irlanda, o The Sun pontuou: "críticos disseram que os tweets de Bolsonaro mostraram que ele estava mais focado em incomodar os críticos progressistas do que em se concentrar em questões mais importantes, como a revisão do sistema previdenciário do país."