O juiz federal substituto Paulo Sérgio Ribeiro, da 23ª Vara Federal de Curitiba, aceitou denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e tornou réus o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), a esposa dele, Fernanda Richa, o filho do casal André Richa e o contador Dirceu Pupo Ferreira por lavagem de dinheiro.
Na terça-feira (12), o MPF informou que a força-tarefa da Lava-Jato no Paraná havia incluído a esposa do ex-governador na lista de denunciados. "Desde o início, existiam indícios da participação de Fernanda Richa no crime. Contudo, segundo os procuradores, num primeiro momento, eram necessários mais esclarecimentos sobre a sua participação nos fatos", destacou o órgão, acrescentando:
"Em petição nos autos da prisão de Beto Richa, a ex-primeira dama assumiu abertamente a atuação conjunta com seu marido no caso da compra do terreno de luxo, o que, no entender do MPF, contribuiu para fortalecer o quadro probatório."
Lavagem de dinheiro
A denúncia, de acordo com o MPF, imputa o crime de lavagem de dinheiro proveniente de propinas do pedágio e de outros esquemas de corrupção durante o governo de Beto Richa no Paraná. Os fatos são relacionados à compra de um terreno num condomínio de luxo no bairro Santa Felicidade, em Curitiba, no final de 2012.
De acordo com a acusação, naquele ano, o contador Dirceu Pupo Ferreira e André Richa visitaram um terreno de 2 mil metros quadrados, anunciado por R$ 2 milhões. Após negociação, o vendedor aceitou como pagamento dois lotes avaliados na época em aproximadamente R$ 500 mil cada, pertencentes à família Richa, mais R$ 930 mil pagos em espécie.
A quantia, segundo o MPF, seria proveniente de propinas desembolsadas pelas concessionárias de pedágio e por outros esquemas de corrupção na gestão de Beto Richa. "O dinheiro em espécie foi entregue por Ferreira no escritório da incorporadora", informou.
Prisão
Beto Richa chegou a ser preso na manhã do dia 25 de janeiro, na 58ª fase da Operação Lava-Jato. A prisão foi autorizada pelo mesmo juiz federal substituto, Paulo Sérgio Ribeiro.
Já no dia 31 de janeiro, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, determinou a soltura de Richa, a pedido da defesa, que alegou que a decisão da Justiça Federal no Paraná autorizando a prisão temporária do ex-governador foi ilegal.
Preso por oito dias, o ex-governador deixou o Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, na manhã do dia 1º de fevereiro.
Em nota, membros da força-tarefa Lava-Jato lamentaram a decisão do presidente do STJ. Dizendo-se surpresos, os procuradores manifestaram discordância em relação à decisão do ministro.
"Com o devido respeito pelo ministro presidente do Superior Tribunal de Justiça, esta força-tarefa está avaliando as providências a serem tomadas em relação à precipitada e equivocada decisão", pontuaram.
Beto Richa é réu em mais três processos. Procurada, a defesa do ex-governador ainda não se manifestou.