Na 56ª fase da Operação Lava-Jato, a Polícia Federal (PF) cumpre nesta sexta-feira (23) 22 mandados de prisão por desvios na construção da sede da Petrobras na Bahia. Valdemir Garreta, ex-dirigente petista e responsável pelo marketing de campanhas eleitorais do partido, é um dos presos. Ele foi alvo de prisão temporária, que tem duração de cinco dias, em São Paulo. É a primeira fase da Lava Jato autorizada pela juíza Gabriela Hardt, que substituiu Sergio Moro na 13 Vara Federal de Curitiba.
O prédio, apelidado de Torre Pituba, foi construído com recursos da Petros, fundo de pensão dos funcionários da estatal, com a finalidade de ser alugado pela companhia. São 22 andares, que foram alugados pela Petrobras a partir de 2015. O aluguel mensal era estimado em R$ 5,4 milhões. O contrato com a Petros tem validade de 30 anos, no valor total de R$ 1,4 bilhão.
Segundo a PF, os valores (tanto do aluguel quanto da construção) foram superfaturados "para viabilizar o pagamento de vantagens indevidas para agentes públicos da Petrobras e dirigentes da Petros". O prédio foi construído pelas empreiteiras OAS e Odebrecht -ambas investigadas na Lava-Jato.
A operação desta sexta foi batizada de Sem fundos, numa alusão ao "saco sem fundos" de crimes investigados na Lava-Jato, segundo a PF. Os mandados estão sendo cumpridos nos estados da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Segundo o procurador Roberson Pozzobon, os crimes ocorreram entre 2009 e 2016. São investigados os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de fundo de pensão e organização criminosa.
Outro lado
Danyelle Galvão, advogada de Garreta, diz que a defesa "não teve acesso aos autos, tampouco aos fundamentos da decisão e que já havia se colocado à disposição para prestar esclarecimentos no início deste ano".