O deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), 53 anos, foi confirmado nesta terça-feira (20) como ministro da Saúde no novo governo. Mais uma vez, o anúncio foi feito pelo Twitter do presidente eleito após encontro de Jair Bolsonaro com representantes das Santas Casas e deputados da Frente Parlamentar da Saúde em Brasília.
Apoiador de Bolsonaro desde o início da campanha, Mandetta será o terceiro representante do DEM no futuro primeiro escalão, junto com o deputado gaúcho Onyx Lorenzoni, que assumirá a Casa Civil, e a deputada Tereza Cristina, que vai para a Agricultura.
Ortopedista pediátrico e ex-secretário de Saúde de Campo Grande, o novo ministro não se candidatou ao terceiro mandato de deputado neste ano e, portanto, ficaria sem uma cadeira na Câmara na próxima legislatura.
O nome do parlamentar já havia sido divulgado como o "preferido" do presidente eleito para o cargo. Na semana passada, ambos se reuniram para tratar do assunto.
Após o encontro, o capitão reformado afirmou que, caso Mandetta fosse nomeado para a pasta, teria como uma de suas missões "tapar os ralos" e "racionalizar, porque não tem como investir mais na saúde".
Alvo de investigação
Mandetta responde a um inquérito aberto quando era secretário da Saúde de Campo Grande (MS). Ele é investigado por suposta fraude em licitação, tráfico de influência e caixa 2 no contrato para implementar um sistema de informatização na saúde e teve os bens bloqueados em uma ação civil pública relativa ao caso.
O futuro ministro nega qualquer irregularidade na aquisição e instalação do sistema de Gerenciamento de Informações Integradas da Saúde (Gisa) e disse que explicou o assunto a Bolsonaro.
Mais Médicos
O escolhido de Bolsonaro compartilha das opiniões do presidente eleito em relação ao Mais Médicos, centro da polêmica entre Brasil e Cuba.
Na tarde desta terça-feira (20), Mandetta fez críticas à relação entre os governos de Brasil e Cuba que possibilitou o convênio.
— Era um risco que a gente já alertava no início. Nós precisamos de políticas que sejam sustentáveis. As improvisações em saúde costumam terminar mal, e essa não foi diferente das outras. Terceirizamos uma mão de obra essencial. Me parece que era muito mais um convênio entre Cuba e o PT, e não entre Cuba e o Brasil, porque não houve uma tratativa basicamente bilateral, e sim uma ruptura unilateral — afirmou o futuro ministro.
Em 2013, durante as discussões para aprovação no Congresso Nacional da medida provisória que criou o programa, no governo Dilma, Mandetta afirmou que os médicos cubanos eram "lançados como balança comercial" por seu país.
Ele ainda criticou o convênio do governo brasileiro com a Organização Pan-americana da Saúde (Opas), que intermediou a contratação dos cubanos, cuja maior parte dos salários fica com o governo de Havana.
Como alternativa para o preenchimento de vagas de médicos em regiões afastadas, Mandetta citou a possibilidade de criação de uma carreira de Estado. Ele citou que há no Congresso uma proposta de emenda à Constituição (PEC), apresentada pelo senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) em 2008, com esta previsão. Não há expectativa de votação do texto.
O futuro ministro defendeu a revalidação do diploma para médicos estrangeiros que venham a atender no Brasil, e afirmou que o tema será discutido para chegar à melhor forma. Para ele, esta é uma ação para garantir a segurança dos pacientes:
— Saber quem é, o que estudou, o que falta para atender o povo brasileiro, qual é o grau de competência, qual o grau de vínculo com a comunidade dos que já estão e, (a respeito) daqueles que vierem, onde a gente pode fazer o filtro para que a sociedade possa se proteger.