As 12 páginas da delação do ex-ministro Antonio Palocci liberadas pelo juiz Sérgio Moro são apenas um aperitivo do que está por vir. Esse primeiro bloco trata de ilicitudes ocorridas na arrecadação de campanha para o PT e da interferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesses assuntos.
GaúchaZH teve acesso a outro documento, de 17 páginas, que detalha outros temas da colaboração de Palocci e que foram homologados por Moro. Eles incluem propinas da empreiteira Odebrecht, do grupo Schahin, suborno para explorar campos de petróleo na África e aliciamento de servidores públicos. É tudo?
Não, está longe de ser tudo. Palocci falou também de irregularidades envolvendo os governos petistas e o mercado financeiro, além de outras empresas que não as que atuam na área petrolífera.
Acontece que o que está sob gestão do magistrado Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, é apenas o que se refere à Petrobrás - e só isso foi aberto à imprensa, até agora. As partes que não envolvem petróleo serão analisadas por outros juízes. Aqui, um resumo dos temas sob análise de Moro:
1 - Sete Brasil: Palocci, através de sua empresa de consultoria (a Projeto), intermediou cobrança de propina paga pelo grupo Odebrecht para ser vencedor de contratos de construção de navios-sonda para a Sete Brasil (empresa de exploração do pré-sal, que une grupos de investimento privados e a Petrobras).
2 - Grupo Schain: solicitação de propina feita por Palocci para "superar entraves" que o Grupo Schain tinha com a Petrobras. O ex-ministro teria também intermediado repasse de verbas do grupo para o Partido dos Trabalhadores (PT).
3 - Campos de petróleo na África: Palocci se compromete a detalhar propina recebida por funcionários da Petrobras para facilitar negociações envolvendo blocos de exploração de petróleo na África. No mesmo anexo, o ex-ministro fala também de enriquecimento ilícito de uma instituição financeira em uma dessas negociações (envolvendo campos de óleo africanos) e repasses de dinheiro ao Partido dos Trabalhadores.
4 - Servidores públicos aliciados: Palocci se compromete a ajudar com indícios da participação de funcionários públicos e investigadores particulares na violação de decisões judiciais sob sigilo. Entre essas decisões, por exemplo, estariam os mandados de busca e apreensão feitos em residências do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - as ordens judiciais teriam sido vazadas propositalmente.
5 - Usina de Belo Monte: Palocci afirma poder revelar todos os políticos que receberam propina referente à construção da Usina de Belo Monte, no Pará.
Palocci pode ter a pena reduzida em até 2/3, caso suas revelações sejam decisivas para o processo judicial.