Áudios apontam uma suposta entrega de dinheiro de um intermediário ao coronel João Baptista Lima Filho, amigo pessoal do presidente Michel Temer. Nos diálogos, anexados ao inquérito da Polícia Federal que investiga suposto pagamento de R$ 10 milhões em propina da Odebrecht ao MDB. As informações são do portal G1.
Nos áudios, o Coronel Lima agenda três encontros para receber “encomendas”. Ainda de acordo com as investigações, depois de falar com o interlocutor, Coronel Lima fez ligações para o telefone da Vice-Presidência da República, usado à época pela então chefe de gabinete de Temer e também diretamente para o celular pessoal do presidente.
Veja a transcrições dos áudios entregues pelo delator à PF:
João Baptista Lima Filho — Alô.
Interlocutor —Seu João?
João Baptista Lima Filho — Ele mesmo.
Interlocutor — O pessoal está aí. O senhor está no local? Aquela encomenda...
João Baptista Lima Filho — Não, estou fora. Nós não falamos antes. Eu estou com uns compromissos agora, só vou estar lá na minha base por volta das 14h30. Como o senhor vê? Dá pra passar às 14h30?
Interlocutor — Eu vou ver aqui e retorno. O senhor está longe de lá, né?
João Baptista Lima Filho — Estou longe. Estou aqui para o lado de Santo Amaro. Com compromisso que não posso deixar de atender. Então, 14h30, 15h é que eu estou chegando lá na minha base.
Interlocutor — Então, vou ver se consigo marcar para as 15h.
João Baptista Lima Filho — O senhor faz favor e me dá uma ligada. Obrigado!
Depois dessa ligação, o coronel Lima ligou para a Argeplan. Minutos depois, telefonou para o celular da Vice-Presidência da República, usado à época pela então chefe de gabinete de Temer.
João Baptista Lima Filho — Alô.
Interlocutor — Seu João?
João Baptista Lima Filho — Ele mesmo.
Interlocutor — Ah, sim. Bom dia.
João Baptista Lima Filho — Tudo bem.
Interlocutor — Bem, hoje, então, aquela reunião foi adiada e vai ser entre 3 e 5 horas. Das 15h às 17h.
João Baptista Lima Filho — Ok, estou por lá nesse horário.
Interlocutor — Tá. Só que nos temos três etapas dessa reunião, que vai ser quinta e sexta-feira. Agora quinta e sexta. Eu queria ver com o senhor se pode ser entre 10 e 12 horas, na quinta e na sexta?
João Baptista Lima Filho — Veja se vocês podem me fazer isso daí às 12 horas. Eu faço de tudo pra estar as 12 horas. É possível?
Interlocutor — De 12 vão marcar, então, porque sempre tem que dar um espaço de tempo, vamos marcar de 12 a que horas?
João Baptista Lima Filho — 12 às 13h, tudo bem?
Interlocutor — 12 às 13, nos dois dias. Então, está combinado.
João Baptista Lima Filho — Combinado. Um abraço.
Interlocutor — Combinado. Até logo. Tchau.
No último áudio, Coronel Lima questiona os valores das “atas” recebidas.
João Baptista Lima Filho — Alô.
Márcio — João?
João Baptista Lima Filho — Ele.
Márcio — Opa, aqui é o Márcio, tudo bom?
João Baptista Lima Filho — Tudo bem, Márcio.
Márcio — Eu recebi um recado aqui. Sinceramente, não estou entendendo, acho que a pessoa está se expressando mal aqui, eu não estou entendendo. Nós tivemos 3 reuniões, quarta, quinta e sexta. Fiz uma na quarta, fiz uma na quinta e na sexta você ia demorar e me pediu que entregasse ao Silva.
João Baptista Lima Filho — Isso. Isso.
Márcio — Então, as três reuniões foram concretizadas.
João Baptista Lima Filho — Tudo bem. Tem alguma previsão pra mais alguma coisa ou não?
Márcio - Não. Ainda não tem informação nenhuma.
João Baptista Lima Filho — Tá bom, então.
Márcio — Então, mas essas três foi tudo certinho. O pessoal tá se expressando mal aqui, tá fazendo uma confusão do cacete.
João Baptista Lima Filho — Tudo bem. A última, de sexta-feira...
Márcio — Sei...
João Baptista Lima Filho — Em que foi entregue ao Silva as atas. Elas não foram iguais às atas anteriores. Um pouco abaixo.
Márcio — É um pouco abaixo, porque o número era quebrado.
João Baptista Lima Filho - Tá certo. Tá certo...
Márcio — Tá bom?
João Baptista Lima Filho — Tá entendido, então.
Márcio — Ok.
João Baptista Lima Filho — Eu agradeço.
Márcio — De nada. Um abração. Tchau.
João Baptista Lima Filho — Obrigado. Um abraço. Tchau.