O PT confirmou, na madrugada desta segunda-feira (6), Fernando Haddad como candidato à vice na chapa encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além disso, o partido fechou aliança com o PC do B, que passa a integrar a coligação formada também pelo PROS e PCO. Com isso, Manuela d’Ávila deixa de ser candidata ao Palácio do Planalto pelo PC do B, que terá o direito de assumir a vice na chapa após a Justiça Eleitoral definir a validade da candidatura de Lula ou não. O partido anunciou a coligação pelas redes sociais.
Lula, condenado e preso na Lava-Jato desde abril em Curitiba, foi aclamado no último sábado (4) como candidato à Presidência na convenção nacional do partido.
O anúncio sobre Haddad foi feito na conta oficial do Twitter de Lula. O registro do nome do candidato a vice ocorreu minutos antes de o prazo legal se encerrar, por volta das 23h55min de domingo (5). O nome de Haddad foi escolhido após reunião da executiva nacional do PT e negociações com o PC do B, que terminaram por volta das 23h45min.
Filiado no PT desde 1983, Fernando Haddad foi candidato e elegeu-se prefeito da capital paulista em 2012. Graduado em Direito, mestre em Economia e doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), passou a ser professor na instituição em 1990. Em 2015, retomou a atividade docente na USP paralelamente ao exercício do mandato. Haddad também foi ministro da Educação nos governos de Lula e Dilma Rousseff.
Candidatura
Mesmo cumprindo pena de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente foi oficializado no sábado candidato do PT. Ele, porém, está potencialmente inelegível com base na Lei da Ficha Limpa após a condenação em segunda instância. Por isso, na prática, a indicação de Haddad deflagra o "plano B" da sigla na disputa presidencial.
O entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que as chapas precisam estar oficializadas até 24 horas após o fim das convenções acelerou a decisão do PT e de outros presidenciáveis.
Lula enviou carta à Executiva antes do acordo ser selado
Lula encaminhou da prisão em Curitiba uma carta para a Executiva Nacional do partido na qual indicava o nome de Haddad. Na carta, Lula cogitava a possibilidade de Manuela d’Ávila (PCdoB) compor a chapa, mas deixava a decisão para direção petista, que iniciou negociações com o aliado histórico. Dirigentes petistas deixaram a sede nacional do partido para uma nova reunião com líderes do PC do B, em São Paulo.
Segundo fontes do partido, embora o nome de Lula seja mantido até o limite da Justiça, a escolha de Haddad significa que o partido optou por desencadear o “plano B” - o que a Executiva do PT nega.
Na condição de candidato a vice, Haddad, que também é o coordenador do programa de governo do PT, passa a ser o principal porta-voz de Lula, representante da candidatura petista em debates e sabatinas e centro dos holofotes no partido.
Conforme dirigentes petistas, o ex-prefeito vai ter no mínimo um mês para consolidar a posição até a Justiça Eleitoral tomar uma decisão sobre a situação eleitoral de Lula. O ex-presidente foi condenado a 12 anos e um mês de prisão pela 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e deverá ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de pessoas condenadas em órgãos colegiados.
A estratégia original do partido e de Lula era levar as conversas com outros partidos até o dia 15, quando termina o prazo para registro das candidaturas em até lá, tentar convencer PC do B, de Manuela d’Ávila, e PDT, de Ciro Gomes, a embarcarem em uma frente de esquerda.
Haddad era o favorito de Lula e de setores do PT desde quinta-feira (2). Em reunião com dirigentes petistas e advogados na sexta-feira (3), em Curitiba, Lula determinou que o partido fosse consultado sobre três nomes: Haddad, Gleisi e o ex-ministro Jaques Wagner.
Wagner havia declinado da possibilidade de ser vice e confirmou que vai disputar uma vaga no Senado pela Bahia.
Haddad e seus aliados ajudaram a derrubar as últimas resistências ao seu nome, impostas principalmente por líderes de movimentos sociais e por parte dos integrantes da bancada paulista do PT na Câmara, que preferiam Gleisi ou Wagner.