Em uma associação que é pouco comum no histórico de seus discursos, o presidente Michel Temer usou o futebol para tentar explicar e defender "a organização de uma sociedade" e cometeu uma gafe ao chamar o Corinthians, de "sociedade Esportiva Corinthians".
O clube alvinegro tem o nome Sport Club Corinthians e um dos seus maiores rivais, com quem o clube fará a final do campeonato paulista no próximo domingo, dia 8, é chamado de Sociedade Esportiva Palmeiras.
"Eu posso até citar a torcida do Corinthians, quem assistir uma partida de futebol, olhar a multidão que está lá torcendo pelo Corinthians e dizer: 'isso não é uma sociedade'. As pessoas vão lá desorganizadamente, mas eu saio de lá entro numa salinha onde eu vejo reunidas 20 pessoas, que é a chamada sociedade esportiva Corinthians, a diretoria dessa sociedade, e olho aquilo e digo: 'isso é uma organização'. Porque aqueles (da diretoria) estão vinculados por normas jurídicas com diretos e deveres, e o Estado também é assim. Você precisa caminhar na sua atividade pública, na atividade privada, nos termos da ordem e da constituição", afirmou o presidente.
Temer, que é torcedor do São Paulo, não costuma usar associações com o futebol em suas falas. O mais famoso presidente que sempre falava do Corinthians é Luiz Inácio Lula da Silva, torcedor declarado do clube alvinegro paulista e que sempre aproveitou os jargões futebolísticos para ter uma linguagem mais popular e acessível.
Na cerimônia de sanção da lei da Voz do Brasil, Temer não comentou o julgamento do habeas Corpus do ex-presidente que acontece no Supremo Tribunal Federal (STF), mas fez críticas veladas ao Supremo e, principalmente, ao ministro Luís Roberto Barroso, com quem o Planalto está em "guerra" por conta das últimas decisões do magistrado que atingiram diretamente o presidente.
"O que mais prejudica o país é desviar-se das determinações constitucionais, quando as pessoas começam a desviar-se das determinações constitucionais, quando as pessoas acham que podem criar o direito a partir da sua mente e não a partir daquilo que está escrito, seja literalmente ou sistematicamente, você começa a desorganizar a sociedade", disse.
O presidente também fez uma defesa da liberdade de expressão e da imprensa e disse que "quanto mais livre for a imprensa melhor para o sistema jurídico". "Não digo melhor para a política, melhor para as pessoas, eu digo melhor para a ordem jurídica. Volto a dizer que é na ordem jurídica que nasce a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão", afirmou.
Temer disse ainda que a ordem jurídica é que "estabelece as relações sociais" e citou como exemplo a formulação de contratos. "Se eu faço um contrato qualquer eu sei que estou fazendo porque tenho a segurança que decorre da ordem jurídica. Portanto, cumprir a Constituição é fundamental para a organização social de uma entidade que se convencionou, sob o foco político, denominado estado."