Nesta quarta-feira (4), no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) analisava o pedido de habeas corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), começou o primeiro encontro do curso O Golpe e a Nova Onda Conservadora do Brasil, promovido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Sem exaltações e com horário cronometrado de uma hora, o professor de Economia Róber Iturriet Avila apresentou o cenário econômico do país antes e depois do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Com a participação prevista de, pelo menos, 20 professores, o curso aborda a destituição da ex-presidente sob diversas temáticas.
Foram disponibilizadas nesta quarta 120 vagas para a palestra, mas havia também pessoas sentadas nas escadarias. Com auditório lotado, Avila disse que o mandato de Dilma foi arranhado em 2013 pelas “jornadas de junho”, manifestações ocorridas em todo o país inicialmente contra o aumento nas tarifas de transporte público. O momento é classificado por ele como "divisor de águas", o que reflete na queda na aprovação do governo.
Ao final, foram reservados alguns minutos para perguntas, momento em que muitos participantes começaram a deixar o auditório. Um dos inscritos questionou por que a reforma previdenciária ainda não conseguiu ser aprovada, diferentemente da trabalhista. O professor observou que a população “não estava tão ciente” dos efeitos da reforma trabalhista, ao contrário da sobre a Previdência. No último questionamento, uma pessoa perguntou por que Dilma escolheu Joaquim Levy para ministro da Fazenda, um nome criticado pelo PT.
— Simplesmente, não sei — disse o professor, pedindo para encerrar o encontro, devido ao horário.
O curso da UFRGS foi montado com base na experiência do professor Luis Felipe Miguel, da graduação em Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), que passou a oferecer a disciplina optativa
O Golpe de 2016 e o Futuro da Democracia no Brasil. Depois da divulgação do curso, o ministro da Educação, Mendonça Filho, chegou a informar que havia solicitado à Advocacia-Geral da União, ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério Público Federal (MPF) a apuração de improbidade administrativa dos responsáveis por criarem a disciplina.
No Rio Grande do Sul, o deputado suplente Marcel van Hattem (Novo) ingressou no MPF com pedido para que o órgão investigasse supostas irregularidades na implementação do curso.