O senador Aécio Neves publicou, nesta segunda-feira (16), um artigo no jornal Folha de S. Paulo em que diz que foi "ingênuo", mas que não cometeu nenhuma ilegalidade. A declaração foi feita um dia antes do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da denúncia contra o senador, acusado de corrupção passiva e obstrução da Justiça.
Aécio aproveita para afirmar a inocência dos outros investigados no inquérito: sua irmã Andrea Neves, seu primo Frederico Pacheco de Medeiros e Mendherson Souza Lima. Segundo ele, Andrea foi "injusta e covardemente exposta apenas por ter contatado o delator (Joesley Batista, do grupo JBS) com a intenção de vender um imóvel", o apartamento da mãe deles, segundo Aécio, para poder pagar honorários de advogados do senador.
Sobre o primo, ele afirma que é "uma pessoa absolutamente correta, íntegra e não tem nenhuma responsabilidade pelos fatos ocorridos". Ele ainda pede desculpas a Frederico e a Menderson, "pelas consequências que eles e suas famílias vêm sofrendo".
Aécio menciona um "extraordinário acordo de delação", firmado entre o empresário Joesley e a Procuradoria-Geral da República (PGR), que teria como um dos objetivos incriminá-lo.
"Na minha vida pública, não existe um ato sequer em favor da JBS, o que foi confirmado pelos delatores. Como falar em corrupção onde não existe dinheiro público ou contrapartida?"
Aécio finaliza afirmando que "a verdade vai prevalecer". "Em nome da minha história, da minha família e de todos aqueles que confiaram a mim a esperança de uma Minas Gerais e de um Brasil melhor, sigo em frente, porque sei que a verdade vai prevalecer. Apesar do tsunami."
A Primeira Turma do STF deve julgar, na terça-feira (17), se recebe a denúncia oferecida pela PGR contra o senador. O caso é o do inquérito instaurado em maio de 2017, com base na delação da JBS.
Entre as acusações que pesam sobre Aécio, está a gravação na qual o tucano pede R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, um dos donos da J&F, controladora da JBS. Na conversa, o senador aparece pedindo dinheiro ao empresário sob a justificativa de que precisava pagar despesas com sua defesa na Operação Lava-Jato.