Em sequência a sua caravana pelo interior do Rio Grande do Sul, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a São Vicente do Sul, na Região Central, às 11h30min desta quarta-feira (21). Na cidade, foi recebido com protesto de ruralistas e estudantes e, depois, festa de apoiadores.
Ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o petista visita o campus do Instituto Federal Farroupilha. Em frente à instituição, um protesto aguardava a chegada da caravana desde o início da manhã.
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O grupo estacionou tratores e posicionou um pixuleco — o boneco inflável de Lula vestido de presidiário — no acesso ao instituto. Um manifestante, com microfone em mãos, pedia a prisão do petista. O Pelotão de Operações Especiais (POE) da Brigada Militar (BM) acompanha o protesto.
Do lado de dentro do campus, outro grupo de estudantes recebeu o ex-presidente em clima de celebração. "Lula, ladrão, você roubou meu coração", cantavam.
O petista desceu do ônibus que integra a caravana escoltado por integrantes do Movimento Rural dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para entrar no prédio, estudantes e jornalistas que acompanhariam a agenda tiveram as mochilas revistadas.
Pouco antes das 12h, Dilma começou a discursar no auditório do instituto. À tarde, a caravana segue para São Borja, na Fronteira Oeste.
Reforço policial
A tensão que acompanha a passagem da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Rio Grande do Sul levou os dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT) a pedirem um reforço na segurança. O subcomandante-geral da Brigada Militar, Mário Ikeda, reconheceu que os ânimos estão acirrados durante as manifestações e atribuiu parte desse clima à divulgação de informações falsas. Ele, no entanto, não vê necessidade de deslocar um efetivo maior para o evento.
Cerca de 150 policiais militares já acompanham o comboio, que passa nesta quarta-feira (21) por São Vicente do Sul, na Região Central, e São Borja, na Fronteira Oeste. Segundo Ikeda, além da equipe de escolta, que faz o mesmo itinerário da caravana com viaturas e motocicletas, policiais do Batalhão de Operações Especiais (BOE) de Santa Maria e de Passo Fundo também participam da segurança nos locais onde ocorrem os atos. O clima de conflito em Bagé levou a BM a decidir reforçar o policiamento no início da caravana. No momento, conforme o subcomandante, não há previsão de novo reforço.
— A gente já imaginava que teria a presença de grupos antagônicos. Mas o que a gente viu até agora é que os ânimos estão bastante acirrados. Tivemos que aumentar o efetivo por conta disso. Em Bagé a gente já esperava porque era o primeiro local e pelas informações que circulavam no Facebook, nas mídias. Tivemos que reforçar lá e, a partir de lá, todos os demais locais.
Para Ikeda a divulgação de boatos também tem contribuído para acirrar os ânimos. Aliado a isso, o subcomandante afirma que o fato da maior parte dos atos serem realizados em locais abertos dificulta o controle dos manifestantes.
— Em Bagé circulava a notícia de que a caravana não tinha conseguido entrar na cidade, que a BM tinha retirado o ex-presidente de helicóptero. Isso tem acirrado os ânimos das pessoas. Como são locais abertos, é mais difícil fazer o isolamento e impedir a presença desses grupos antagônicos.
Como forma de tentar evitar confrontos, um helicóptero vem sendo utilizado para controlar os trajetos das manifestações. Segundo o coronel, a polícia também tem monitorado publicações nas redes sociais para ter um termômetro da situação. Ikeda considera, no entanto, que episódios como o de Bagé, onde dois manifestantes foram presos após confronto entre os grupos, e a apreensão de fogos de artifício (morteiros) na chegada a Santa Maria, em um carro particular, foram fatos isolados. Neste último caso, o material pertencia a dois manifestantes anti-Lula. Após registro na Polícia Civil, eles foram liberados.
— Circula bastante informação, instigando aos outros a participarem das manifestações, além das notícias falsas. Mas a maioria delas, com raras exceções, está fazendo a manifestação de forma pacífica e ordeira.
* Colaborou Letícia Mendes