Um áudio de uma reunião entre a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) e servidores da Secretaria Especial do Envelhecimento Saudável e da Qualidade de Vida do município do Rio de Janeiro é a nova polêmica envolvendo a parlamentar nomeada ministra do Trabalho pelo presidente Michel Temer, mas com a posse suspensa pela Justiça.
Na gravação de 2014, exibida neste domingo em reportagem do Fantástico, da TV Globo, Cristiane cobra empenho da equipe em conseguir votos para a eleição à Câmara dos Deputados. Na época, ela estava estava licenciada da Câmara de Vereadores do Rio para comandar a secretaria.
Cerca de 50 servidores públicos e prestadores de serviços da pasta foram chamados para a reunião. Cristiane diz que somente sendo eleita poderá manter a secretaria e os empregos da equipe. Caso não chegue a Brasília, afirma, as pessoas perderão o trabalho:
— Se eu perder a eleição, no dia seguinte eu perco a secretaria. No dia seguinte, vocês perdem o emprego. (...) Arranjar emprego tá difícil. Só tenho um jeito de manter o emprego de vocês. Me elegendo. E eu preciso de vocês pra isso.
Cristiane pede às pessoas que façam campanha e dá dicas sobre como os eleitores devem ser abordados:
— Preciso de uma coisa que está nas mãos de vocês agora, que é a credibilidade junto ao idoso, a amizade que eles têm com vocês, o carinho que têm com vocês no dia a dia. Se cada um no âmbito familiar me trouxer 30 fidelizados... Tu é minha mãe, se tu não votar nela, eu perco o emprego. Olha que poder de convencimento essa frase tem. Pro marido: meu querido, tá querendo pagar minhas calcinhas? Então me ajude.
Cristiane é indicada para assumir o Ministério do Trabalho e alvo de uma série de acusações. Sua posse chegou a ser marcada e cancelada duas vezes por decisões judiciais. Ela é condenada em ações trabalhistas, investigada por suposta associação ao tráfico de drogas e por recebimento de caixa 2 em eleições. Um vídeo no qual a deputada aparece cercada por homens em um barco e defende sua nomeação como ministra provocou polêmica e gerou constrangimento à parlamentar.
— O que pode passar pela cabeça de quem entra contra a gente na Justiça do Trabalho — diz a deputada no vídeo.
Ao Fantástico, a assessoria da deputada afirmou que a parlamentar nunca descumpriu norma ética ou jurídica relacionada às eleições. Segundo a reportagem, a deputada não aceitou ouvir o áudio para dar explicações.