O baixo quórum na sessão de abertura dos trabalhos legislativos nesta segunda-feira, 5, acendeu uma luz amarela na base aliada do presidente Michel Temer. Reservadamente, deputados admitiram que o governo não conseguiu demonstrar força no momento em que tenta articular a aprovação da reforma da Previdência.
Dos 513 deputados, apenas 75 marcaram presença na Casa. A quantidade de senadores também não foi expressiva. Não houve uma contagem oficial do número de parlamentares, mas, segundo um assessor, cerca de 200 participaram da sessão.
Para a oposição, o baixo número de parlamentares nesta segunda-feira mostra que o esforço do governo pela aprovação da reforma não tem surtido efeito.
"O Palácio do Planalto trabalhou o recesso inteiro e não conseguiu aumentar apoio para a Previdência. Agora, se depender da gente, pode até votar a reforma", ironizou o líder do PSB na Câmara, deputado Júlio Delgado (MG).
Para Delgado, o governo não vai ter os 308 votos necessários para aprovar as mudanças nas regras da aposentadoria.
"A sessão teve cara de enterro, fim de festa. Sabe quando não tem ninguém, porque está todo mundo abandonando o barco? Se o governo tivesse a força que ele diz que tem, a Casa estaria cheia", disse o deputado Sílvio Costa (Avante-PE).
Em sua mensagem ao Congresso, Temer fez um último apelo para tentar aprovar a reforma. "Fizemos ajustes para atender a preocupações legítimas, para criar regras de transição mais suaves. Chegou a hora de tomar uma decisão", afirmou o presidente, em mensagem lida pelo deputado Giacobo (PR-PR), primeiro-secretário da Câmara.
Oficialmente, governistas minimizaram o baixo quórum, alegando que a maioria dos parlamentares costuma chegar a Brasília a partir de terça. Também afirmaram que, por conta da proximidade com o carnaval, muita gente já está viajando.