Porto Alegre terá nesta quinta-feira (18) reunião operacional do Gabinete de Gestão Integrada (GGI) para ultimar detalhes da grande operação de segurança pública montada para prevenir distúrbios no dia do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), previsto para a próxima quarta-feira.
Já está pré-definido o papel de cada órgão: o principal ficará com a Brigada Militar (BM), que fará proteção de prédios públicos e privados, além de tentar evitar conflitos entre manifestantes. Já a Polícia Federal (PF) e os agentes do Judiciário cuidarão da segurança de magistrados.
A PF também acompanha as ameaças sofridas pelos integrantes do TRF4 que julgarão Lula. Alguns autores de manifestações exaltadas na internet já foram, inclusive, chamados para depor em inquéritos criminais.
A Polícia Civil e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) têm monitorado o movimento de grupos que já se envolveram em depredações no passado ou com retórica radicalizada. É o caso de anarquistas, que em 2013 usaram tática black bloc – rostos cobertos, quebras de vitrines e ataques com coquetéis molotov.
— Até o momento, não se mobilizaram em defesa de Lula, talvez nem venham a fazer isso — descreve um policial que participa do GGI.
A preocupação maior é com grupos como A Marighella (cujo nome homenageia ex-guerrilheiro de esquerda e que tem se caracterizado por pichar locais ligados à ditadura militar) e Levante Popular da Juventude, formado por jovens que pregam ações de massa, muitos deles simpáticos ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Eles participaram ativamente de protestos em 2013.
Com relação ao próprio MST, além da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de partidos políticos de apoio ao ex-presidente, a BM organizará reuniões com lideranças. A ideia é pedir que orientem seus militantes a agir dentro da lei. O mesmo será feito com grupos de direita, como La Banda Loka Liberal e Movimento Brasil Livre (MBL).
— As manifestações serão permitidas, contra e a favor de Lula, desde que não descambem para depredações. Quem estimular quebra-quebra será responsabilizado — resume outro integrante do GGI.
Estradas vigiadas e prédios guarnecidos
Prédios públicos e privados visados pelos militantes serão protegidos por cordões de isolamento, sobretudo após o resultado do julgamento. Os locais permitidos para concentração dos militantes pró-Lula devem ser o Largo Zumbi dos Palmares, o Largo Glênio Peres e a Redenção. Aos manifestantes anti-Lula deve ser reservado o Parque Moinhos de Vento, o Parcão.
As polícias rodoviárias Federal e Estadual vão vigiar as estradas e revistar ônibus, em busca de objetos que possam ser usados como armas improvisadas. O Exército ficará como força de reserva, para eventual apoio à BM, além de guarnecer seus próprios prédios.
GaúchaZH falou com um integrante da Abin e outro do serviço reservado da BM (PM2). A expectativa é de que o número de militantes seja muito menor que os 50 mil estimados por grupos pró-Lula.
— Se chegar a 10% desse total, será surpresa — diz membro da Abin.