A Polícia Civil realizou, nesta quarta-feira (29), uma perícia na cela onde ficou o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PR) na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio. O objetivo, segundo o delegado Wellington Vieira, é esclarecer se Garotinho foi mesmo agredido na madrugada de sexta-feira (24), como o político alegou.
De acordo com o delegado, o trabalho foi feito por três peritos engenheiros da Polícia Civil, que vão constatar se há pontos cegos nas câmeras instaladas no presídio. O laudo deverá ficar pronto em sete dias.
— Vamos analisar se o sistema de filmagem do local é eficiente ou não, e se é possível ter alguma falha nas gravações — disse o delegado à reportagem.
Vieira também contou que, na próxima segunda-feira (4), vai colher depoimentos de sete detentos que estão presos no local. Um deles é o ex-secretário de Saúde do Rio Sérgio Côrtes, que aparece nas imagens do presídio prestando atendimento médico ao ex-governador.
— Queremos saber se eles ouviram algo de anormal no dia em que Garotinho relatou ter sido agredido — afirmou.
O delegado disse ainda que também vai ouvir os seguranças que ficam na porta do presídio, mas adiantou que acha difícil a possibilidade de que alguém estranho tenha invadido o local.
— Da portaria da prisão até a cela onde ele estava preso existem 12 portas, que ficam trancadas com cadeado. Acho difícil o acesso de alguém estranho, sem que ninguém possa ter visto — disse o delegado.
Os agentes penitenciários que trabalhavam no momento da suposta agressão já prestaram depoimento. Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) comprovou as lesões de Garotinho em um dos pés e nos joelhos, mas não conseguiu atestar se foram em decorrência de agressão. O documento só conseguiu atestar que as feridas foram provocadas por "ação contundente", segundo o delegado.
Em depoimento, Garotinho disse ter sido atingido por um homem branco, com um taco de beisebol, que teria feito ameaças ao investigado, dizendo que "falava demais". Na terça-feira (28), o Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) requereu formalmente à Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) as imagens de vídeo gravadas na cadeia. A solicitação das imagens foi feita após o MP receber denúncia de possível edição do vídeo oferecido pela Seap.