Dossiês com informações sobre a vida do juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro Marcelo Bretas estariam sendo montados sob encomenda do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), preso por decisão do magistrado há um ano. A informação foi divulgada pelo RJTV, da TV Globo, nesta quarta-feira (8), e negada pela defesa de Cabral. O ex-governador e Bretas tiveram uma discussão durante um interrogatório no último dia 23. Nesta quarta-feira, o magistrado está ouvindo Cabral mais uma vez.
Segundo a reportagem do RJTV, a Polícia Federal (PF) investiga a confecção dos dossiês. A PF quer saber com que recursos eles estão sendo financiados e qual objetivo estaria por trás disso. Pessoas supostamente contratadas a mando de Cabral foram a pelo menos três delegacias do Estado buscar possíveis registros de ocorrência no nome do juiz. A mulher dele, juíza Simone Diniz Bretas, também seria alvo dos dossiês. Procurada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a PF ainda não se manifestou sobre as investigações, que, segundo a TV Globo, são sigilosas.
Já o advogado Rodrigo Roca, que defende Cabral, disse que se trata de "uma mentira, criada com nítido propósito de criar intriga entre o ex-governador e o magistrado, para incitá-lo a determinar nova transferência para um presídio federal. Sérgio Cabral nada tem a ver com a consulta noticiada".
A informação da existência dos dossiês partiu de dentro da cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, onde Cabral e comparsas estão presos. Ele é acusado de liderar uma organização criminosa que embolsou propina advinda de contratos públicos durante suas duas gestões (2007-2014).
De acordo com a reportagem do RJTV, um fundo milionário teria financiado os dossiês, que serviriam para fazer uma devassa na vida pessoal e profissional de Bretas e de membros da força-tarefa da Lava-Jato no Rio.
No último dia 23, em audiência na 7ª Vara Federal Criminal, Bretas perguntou a Cabral sobre a compra de joias para lavagem de dinheiro, prática atribuída à quadrilha. Em sua resposta, o ex-governador mencionou que a família do magistrado comercializa bijuterias. Bretas considerou o tom ameaçador e determinou sua transferência para um presídio federal, o que foi revertido por uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.