O ex-assessor parlamentar Job Ribeiro Brandão afirmou em depoimento à Polícia Federal ter recebido do ex-ministro Geddel Vieira Lima elevadas quantias em dinheiro para fazer a contagem manual dos recursos. Os valores, que, segundo ele, variavam de R$ 50 mil a R$ 100 mil, eram contados em um gabinete localizado na casa da mãe do ex-ministro, Marluce Quadros Vieira Lima.
O ex-assessor disse que costumava contar dinheiro da família (mais informações nesta página) mas, a partir de 2010, passaram a ser mais frequentes os pedidos de Geddel para que ele executasse essa tarefa. "O declarante recebeu do sr. Geddel dinheiro na residência da mãe deste, para que o contasse", diz termo de declaração do ex-assessor obtido pela reportagem.
"Que o dinheiro era apresentado, em regra, em envelopes pardos e as somas giravam em torno de R$ 50 mil a R$ 100 mil; que a contagem era feita, em regra, em sala reservada que funcionava como gabinete."
No depoimento, prestado à PF, na Bahia, no último dia 19, Ribeiro afirmou ser funcionário antigo da família Vieira Lima. Disse que, inicialmente, trabalhou como assessor do ex-deputado Afrisio Vieira Lima, pai de Geddel e do hoje também deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). Afrisio foi parlamentar por quatro mandatos, entre 1975 e 1990.
Posteriormente, relatou o ex-assessor, trabalhou com Geddel durante os cinco mandatos do peemedebista (1991-2011) e depois com Lúcio, que está em seu segundo mandato.
R$ 51 milhões
Ribeiro era assessor de Lúcio Vieira Lima quando foi preso, em agosto, após a PF encontrar suas impressões digitais em parte dos R$ 51 milhões apreendidos em imóvel em Salvador. O apartamento, conforme investigações, é ligado aos irmãos Vieira Lima.
A ação que descobriu os R$ 51 milhões foi um desdobramento da Operação Tesouro Perdido. Na ocasião, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Lúcio Vieira Lima em Brasília e Salvador.
As suspeitas sobre o irmão de Geddel ganharam força a partir do depoimento do empresário Silvio Antonio Cabral da Silveira, dono do apartamento. Ele disse que Lúcio pediu o imóvel emprestado para "guardar pertences" do pai falecido. No apartamento, os policiais encontraram ainda um recibo em nome de Marinalva Teixeira de Jesus, funcionária do parlamentar.
Ribeiro ficou preso dois dias e, em seguida, foi para prisão domiciliar. Ele pagou fiança inicialmente estipulada em cem salários mínimos, depois reduzida à metade após recurso da defesa ser acolhido.
As defesas de Geddel e Lúcio Vieira Lima não responderam aos contatos da reportagem até a conclusão desta edição.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.