Durou pouco mais de uma hora a leitura no plenário da Câmara, nesta terça-feira (24), do parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) que pede o arquivamento da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. A leitura foi feita pela segunda-secretária da Casa, Mariana Carvalho (PSDB-RO).
A leitura é uma exigência do regimento interno da Casa para dar conhecimento ao plenário do relatório que foi aprovado na semana passada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Após a leitura, os denunciados serão notificados pelo primeiro-secretário, Fernando Giacobo (PR-PR), e haverá publicação no Diário da Câmara.
A votação sobre a continuidade da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer esta marcada para quarta-feira (25). O líder da bancada do PMDB na Câmara, o deputado Baleia Rossi (SP) pregou nesta terça-feira que quem votar contra o governo durante a apreciação deverá ser tratado a partir de agora como oposição.
— Quem vota contra o presidente já se posiciona como oposição e tem de ser tratado como oposição — defendeu.
Diferentemente da votação da primeira denúncia, desta vez o PMDB não fechou questão contra o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) que pede a abertura de processo contra Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência). O líder da bancada entende, no entanto, que a determinação vale também para a nova votação.
Assim, correm o risco de serem punidos pelo partido os deputados Celso Pansera (RJ), Laura Carneiro (RJ), Vitor Valim (CE), Veneziano Vital do Rêgo (PB) e Jarbas Vasconcelos (PE). Na votação desta quarta-feira, Baleia conta com os votos de Osmar Serraglio (PR) e Alexandre Serfiotis (RJ), ausentes na votação da primeira denúncia.
Faltando menos de 24 horas para o início da sessão de votação, os aliados mantém os esforços para conquistar votos. Os governistas acreditam que podem alcançar 270 votos para derrubar a segunda denúncia.
Segundo o vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), a maior parte das queixas dos insatisfeitos é com a demora para liberação de emendas parlamentares.
— Logicamente (a demanda) é mais emenda do que cargo — contou.
Nas contas de Mansur, até o momento apenas cinco parlamentares anunciaram que faltarão a sessão. Ele também prevê que o governo terá mais votos desta vez nas bancadas do PRB e PSD. No PSDB, que segue rachado, a expectativa é que haja 22 votos com o governo e 21 contra. O vice-líder foi na mesma linha de Baleia Rossi e avisou que quem votar a favor da denúncia, estará fora do governo.
— Quem está conosco está aqui, quem não está, estará fora — afirmou.
Os próximos passos
O tom da base governista na véspera da votação da denúncia é de que o resultado da votação de amanhã será um divisor de águas no bloco aliado e que a agenda prioritária será a aprovação de medidas econômicas. Dependendo do tamanho que a base sairá da votação da segunda denúncia, o governo decidirá se concentrará seus esforços em projetos de lei (que exigem quórum menor) ou propostas de mudança constitucional.
—A gente vai medir a base e ver se dá para aprovar a (reforma) da Previdência. Tem de fazer conta e ver o que dá para votar — afirmou Mansur.
Além da Previdência, estão no radar medidas para ajudar o governo a fechar as contas de 2017 e a Reforma Tributária. "Se tiver alguma medida mínima para a Previdência, vamos tentar", enfatizou Mansur.