O doleiro Lucio Funaro afirmou, em depoimento nesta terça-feira (31), em Brasília, que o presidente Michel Temer e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, receberam propina do grupo Bertin como contrapartida por aporte obtido pela empresa na Caixa. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.
Funaro é réu em ação penal que apura esquema de desvio de recursos no banco público e está sendo interrogado pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da Justiça Federal, desde as 9h30min. O delator da Lava-Jato responde a questionamentos da defesa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também réu e presente à audiência.
Ao juiz, Funaro relatou ter participado de almoços em um hotel em Brasília com Natalino Bertin, controlador do grupo, além de Cunha e Moreira Franco. Teria comparecido também o deputado Cândido Vaccarezza, à época no PT e ativo na campanha presidencial de 2010 – quando Temer era vice na chapa de Dilma Rousseff.
Segundo Funaro, nesses encontros foram combinados os valores que seriam destinados às campanhas do PMDB, em troca de benefícios às empresas do grupo Bertin na Caixa. O responsável por facilitar a liberação de recursos, ainda segundo o doleiro, teria sido Moreira Franco, que era vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias do banco público.
– Se não me engano, Eduardo Cunha ficou com R$ 1 milhão (...) Dois milhões, dois milhões e meio (de reais) foram destinados ao presidente Michel Temer, e um valor, acho que um milhão, um milhão e meio, ao deputado Cândido Vaccarezza. O do Temer acho que foi doação oficial pro PMDB nacional – afirmou.
Contrapontos
Em nota, Moreira Franco afirmou que Funaro vive "da delinquência e da mentira". O Palácio do Planalto ainda não se manifestou sobre o depoimento desta terça-feira.